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Futebol feminino

Com Jenni Hermoso e ainda sem “as 15” jogadoras que o criticam, selecionador espanhol afirma: “Se o Mundial fosse amanhã, iríamos com estas”

A seleção de futebol feminino espanhola regressa aos relvados este mês e a polémica que tem marcado a equipa nos últimos tempos regressa com ela. A federação continua a apostar em Jorge Vilda, o grupo conhecido como “as 15” e Alexia Putellas continuam sem ser convocadas e só Jenni Hermoso dá alguma esperança em relação à resolução do problema

Rita Meireles

NurPhoto

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Prossegue o braço de ferro entre a seleção espanhola e as 15 jogadoras que pediram para não serem convocadas. De um lado está a federação, representada pelo presidente Luis Rubiales, do outro as 15 jogadoras que confessaram, em comunicado, que o ambiente vivido na equipa nacional as afetou a nível “emocional, pessoal e de rendimento”. Ao grupo juntou-se ainda Alexia Putellas, que apesar de não ter pedido para não ser convocada por estar ausente devido a uma lesão, partilhou o mesmo comunicado.

Quando faltam cinco meses para o Mundial 2023, a Espanha vai voltar a entrar em campo e as 15 jogadoras continuam a não ser convocadas. Até porque no banco ainda está o treinador Jorge Vilda, a pessoa que está no centro do conflito entre a federação e as atletas.

“Temos o total apoio da federação e de Luis Rubiales. Se tivéssemos de jogar em Marte, colocariam lá um foguetão", disse o treinador, durante o momento em que divulgou a convocatória para os jogos dos dias 16 e 22 deste mês.

A Espanha continua, assim, sem alguns dos principais nomes da modalidade na Europa. Além de Alexia Putellas, considerada a melhor jogadora do mundo nos últimos dois anos, estão também de fora Aitana Bomnatí, Mapi León, Mariona Caldentey, Patri Guijarro ou Lola Gallardo.

“As 25 jogadoras [agora convocadas] cumprem com o que esperamos. A primeira coisa é o compromisso com esta camisola. Elas sabem o que significa o compromisso e sabem como respeitar os valores da seleção”, disse Vilda. “Há cinco meses que falamos de um conflito. Não vou entrar por aí. Não vou responder. O nosso foco é a preparação para o Mundial. Vi todas as conferências de imprensa de outros treinadores e eles só falam de futebol. E também têm os seus conflitos. Temos de nos concentrar nas jogadoras que temos. Estão muito motivadas. São como esponjas, muito recetivas. Se o Mundial fosse amanhã, iríamos com estas 25 jogadoras”.

A boa notícia, e aquela que mostra que as coisas ainda podem mudar até ao Mundial, é o regresso de Jenni Hermoso. A jogadora não pertence ao grupo das 15 que pediram para não serem convocadas, mas também está envolvida no tema. Foi, aliás, uma das capitãs da seleção que marcou presença na conferência de imprensa em que o grupo negou ter exigido a demissão do treinador. Depois disso, emitiu o seu próprio comunicado onde deixou todo o apoio às suas colegas.

“Gostaria de expressar publicamente o meu apoio a todas as que decidiram há alguns dias dar a conhecer a sua posição. Não só compreendo as suas razões, como também já experienciei muitos dos sentimentos e preocupações que elas comunicaram. Estou muito consciente disso porque tive a oportunidade de viver experiências únicas e imensamente felizes a jogar por Espanha, mas tenho de admitir que também vivi momentos muito difíceis ao ponto de não me reconhecer e de me perguntar se o que estava a fazer valeria a pena”, escreveu Hermoso.

Questionado sobre o regresso da jogadora, Vilda respondeu apenas que esta “cumpre o que se espera de uma jogadora da seleção nacional”.