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Futebol feminino

Alexia Putellas, a rainha que venceu a Bola de Ouro pelo segundo ano consecutivo

Já se tornou um hábito e, por isso, talvez vá surpreender um total de zero pessoas, mas Alexia Putellas voltou a fazer o que nunca ninguém tinha feito. A espanhola venceu pela segunda vez consecutiva a Bola de Ouro, meses depois de ter sido nomeada Jogadora do Ano da UEFA também pela segunda vez

Rita Meireles

David Ramos - UEFA

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O dicionário define rainha como “primeira ou a mais destacada entre as da sua área” ou “soberana de um reino”. Sendo assim, hoje é dia de dar razão a todos os que, em Espanha, chamam “La Reina” a Alexia Putellas, pela segunda vez consecutiva vencedora da Bola de Ouro, troféu que se junta a uma dinastia histórica no futebol feminino espanhol e mundial.

Em 2021, a jogadora do Barcelona levou a primeira Bola de Ouro, do futebol feminino e masculino, para Espanha desde que Luis Suárez a conquistara em 1960. Agora torna-se a primeira jogadora a conseguir vencer o prémio pela segunda vez consecutiva, depois de Ada Hegerberg, ter vencido em 2018, e Megan Rapinoe, em 2019, sendo que em 2020 o troféu não foi atribuído devido à pandemia.

“Isto seria um antes e um depois para todo o país. O único espanhol que ganhou até à data foi Luis Suárez, em 1960. Sim, houve outros nomes mais recentes que se aproximaram, como Xavi ou Iniesta. Mas marcaria um ponto de viragem na história do nosso futebol”, disse a jogadora à revista “Vogue” espanhola antes de receber a primeira Bola de Ouro. E não se enganou.

Em agosto, Putellas também conseguiu um feito parecido ao revalidar o título de Jogadora do Ano da UEFA e tornar-se a primeira jogadora a ganhá-lo em duas edições seguidas.

Todos estes reconhecimentos chegam depois de uma época também ela histórica para Alexia Putellas e para o Barcelona. Mesmo tendo em conta que as últimas memórias da temporada 2021/22 da jogadora não são, de todo, positivas.

Os números não mentem. Foram 42 golos e 23 assistências em 54 jogos, entre todas as competições. Uma contribuição essencial para o triplete de títulos que a equipa feminina do Barcelona venceu na época passada: Supertaça, liga e Taça da Rainha. Aos 28 anos, Putellas passou de adepta do clube catalão, para uma das suas lendas.

Ao mesmo tempo foi uma das protagonistas do percurso da equipa na Liga dos Campeões. O Barcelona perdeu na final frente ao gigante do futebol feminino Lyon, mas o que ficou pelo caminho foi talvez mais importante que o troféu: o início de um novo capítulo para a modalidade na Europa.

Em março, 91.553 adeptos marcaram presença nas bancadas do Camp Nou para assistirem ao jogo entre o Barcelona e o Real Madrid. Pela primeira vez, não se gritou por Messi, Piqué, Iniesta ou qualquer outro nome grande que já passou pela equipa masculina, mas sim por Alexia. “Não tenho palavras, foi super mágico, quando acabou o jogo as pessoas não queriam ir para casa, cantavam para nós, isto é incrível”, disse a jogadora no final.

E quando todos pensavam que nada poderia ser melhor do que isso, o clube recebeu o Wolfsburgo, jogos da primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões, e provou que novamente que não há impossíveis. 91.648 pessoas estiveram em Camp Nou, um novo recorde da moodalidade.

O ambiente que se criou em volta desta equipa começou a transbordar para o Europeu de 2022, em Inglaterra. Os estádios encheram, a final de Wembley esgotou em pouco tempo e a Espanha, recheada de jogadoras do Barcelona, chegou à competição como uma das favoritas. Mas a poucos dias do pontapé de saída, uma lesão afastou Putellas do maior palco do futebol europeu.

Robbie Jay Barratt - AMA

“Sem Alexia, o nível da equipa espanhola diminuiu um pouco. Depois destes dois bons anos, ela queria fazer algo grande com a equipa nacional. Ela estava à espera deste torneio para ganhar algo com a Espanha. É realmente importante que ela esteja na equipa em termos de liderança”, disse Lluís Cortés, antigo treinador do Barcelona, à “BBC”.

A Espanha acabou por ser eliminada nos ‘quartos’ pela seleção da casa, a Inglaterra, que mais tarde se sagrou campeã da Europa.

Talvez seja aqui que melhor se mede a grandeza de Alexia Putellas. Em ano de Europeu, não foi sequer necessário jogá-lo para que não restassem dúvidas: é a melhor jogadora do mundo.