É a primeira entrevista de Aminata Diallo, ex-Paris-Saint Germain, sobre a violenta agressão à antiga companheira na equipa de futebol feminino do clube parisiense e na seleção francesa, Kheira Hamraoui. Diallo é acusada de estar por trás do ataque que deixou marcas inapagáveis no corpo e na mente de Kheira.
Aminata está sem clube desde que terminou o contrato que a ligava ao PSG. Sob controlo das autoridades e acusada de violência agravada e associação criminosa, a centrocampista deu à “RMC Sport” a sua versão dos factos ocorridos a 4 de novembro de 2021. Nessa noite, Hamraoui foi atacada quando se encontrava dentro do carro de Diallo e violentamente agredida com ferros.
A atleta de 27 anos descreveu o ocorrido: “Tínhamos tido um jantar de equipa. (…) Antes disso, o grupo vivia bem e tinha bons resultados. A noite passou-se normalmente. E depois, após a refeição, eu fui deixar as minhas companheiras Sakina Karchaoui e Kheira Hamraoui. Efetivamente, elas vivem em Chatou [área das agressões]”.
Diallo nega ter deixado primeiro Karchaoui para ficar sozinha com a vítima do ataque, embora admita que a primeira saiu antes de Hamraoui. “Já vi que disseram que eu insisti para deixá-la primeiro e subentende-se que seria um truque para poder ficar sozinha com a senhora Hamraoui. (…) É falso, uma vez que Sakina Karchaoui disse, na sua audição, que foi ela quem me pediu que a deixasse primeiro para poder ver a segunda parte do jogo Marselha-Lazio”, explica Diallo.
Aminata assegura que, ao contrário do que dizem, não passou a noite ao telefone, uma vez que se encontrava ao volante. Consequentemente, de acordo com as suas palavras, não poderia indicar a sua posição e a de Kheira aos agressores que, alegadamente, agiam em seu nome. Também não terá circulado a uma velocidade baixa para facilitar o ataque ao seu carro: “É uma rua estreita. (…) Não poderia ir muito depressa”.
Para Aminata, ela própria foi também uma vítima. Se Kheira Hamraoui sofreu ferimentos graves nas pernas, a colega de equipa foi também agredida por um dos indivíduos. “É uma rua com pouca luz. (…) Se a memória não me falha, parámos ao lado de um camião (…) branco, atrás do qual os agressores pareciam estar escondidos. (…) Começaram a dar pontapés no capô do carro. Aconteceu muito depressa. (…) Um veio para o meu lado, o outro para o lado de Kheira. Abriram as portas. O que estava do meu lado agrediu-me. Esqueci-me de dizer: ele insultou-me e pediu-me dinheiro”, relatou a arguida.
A principal vítima do caso terá saído do carro. “Penso que foi o agressor que a puxou e efetivamente atacou com ferros. Ouvi-a chorar e creio ter visto uma luz (…) que os fez fugir”, conta Diallo, acrescentando: “Kheira reentrou no carro. Tinha a mão em sangue e chorava de dor”.
Em relação ao facto de Aminata não ter trancado as portas do carro, o que terá facilitado o acesso dos agressores ao veículo, a ex-PSG dá uma explicação técnica: “O carro não trancava sozinho, o que nos surpreendeu, uma vez que os carros recentes normalmente o fazem. (…) Nesse momento eu não estava ao corrente (…) de que as portas podiam ser abertas pelo exterior”.
Diallo diz ter ficado extremamente assustada, o que terá feito com que não visse uma pessoa a observar o ocorrido. “Estava muito escuro. E depois, durante o ataque, estávamos em choque. Não sabíamos como reagir. Aconteceu muito depressa. Ver dois homens encapuzados (…) deixou-me com muito medo”, explicou Aminata Diallo.