Pequeno resumo do GP Azerbaijão: pole para Charles Leclerc, que mantém a liderança nas primeiras voltas, para logo ser ultrapassado pelo Red Bull de Max Verstappen. Acidente de Nyck de Vries à volta 10 e Sergio Pérez a aproveitar para parar na box da Red Bull e assim assumir a liderança, por troca com o colega de equipa. Procissão de carros. Comboios de DRS. Fast forward para o final da volta 51, com o mexicano tranquilamente a ver a bandeira de xadrez, para a segunda vitória da temporada, quarta para a Red Bull e tantas outras corridas em 2023. Verstappen chegou dois segundos depois. O resto do pelotão? A mais de 20 segundos dos dois homens da frente.
Mesmo numa pista citadina dada ao caos como é a de Baku, o GP Azerbaijão foi um enorme bocejo. Lutas em pista? Poucas. Dúvidas sobre o carro vencedor? Zero. Quem ligou a televisão no domingo ao final da manhã assistiu a um penoso show de inevitabilidade. E Toto Wolff, patrão da Mercedes, diz que isso tem de mudar.
Apelidando a corrida de “aborrecida”, Wolff foi muito crítico do GP Azerbaijão, onde mais uma vez a Mercedes desiludiu, com um 6.º lugar para Lewis Hamilton e um 8.º para George Russell. Durante a corrida, mesmo com momentos de bom andamento, Hamilton não conseguiu ultrapassar Carlos Sainz. O traçado de Baku, as preocupações com o tempo de vida dos pneus e a dificuldade em lidar com o ar sujo vindo dos pilotos da dianteira não ajudaram.
“Não houve ultrapassagens, mesmo em situações de grandes diferenças de ritmo. O que não é um grande entretenimento”, comentou à imprensa o responsável do construtor alemão, que pede que se analise “todo o fim de semana”, lembrando também a corrida sprint, igualmente chata, para se perceber se há “coisas boas” que se possam tirar da passagem da Fórmula 1 por Baku.

O GP Azerbaijão foi, grande parte do tempo, apenas um grande comboio de carros a passar
Alex Pantling
As queixas de Toto Wolff chegam numa era em que o domínio da Mercedes, oito vezes campeã seguida nos construtores até 2021, foi substituído pela demolidora vantagem dos Red Bull. O austríaco não tira o mérito à equipa rival - que é sua compatriota - e não pede mudanças nos regulamentos que limitem a Red Bull. Admite que quem está atrás tem de trabalhar mais, mas no final da corrida de Baku lembrou que o que interessa na Fórmula 1 é “a competição”, sublinhando que o único momento de emoção durante o fim de semana foi a luta em pista entre George Russell e Max Verstappen nos primeiros momentos da corrida de sprint.
“No domingo não houve nada disso. Mesmo estando a 0,2 segundos era muito difícil ultrapassar, quase impossível, a não ser que o piloto da frente fizesse um erro. Temos mesmo de olhar para isso, temos de perceber como podemos evitar estas corridas chatas”, sublinhou.
Um dos elementos que os novos regulamentos que entraram em vigor em 2022 tentaram resolver foi precisamente a quantidade de ar sujo saída da parte de trás dos carros de Fórmula 1, que dificultavam as ultrapassagens. À segunda temporada com os carros de última geração, a questão parece não ter sido resolvida.