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À beira dos 42 anos, Fernando Alonso está “100%” certo de ser melhor piloto agora: “Não somos corredores de 100 metros ou futebolistas”

Em entrevista à “Marca”, o espanhol comenta o seu grande início de época, com três pódios nas três corridas realizadas, assumindo que o Aston Martin está a andar acima das expetativas e que o tempo fora da Fórmula 1 lhe permitiu ganhar nova motivação. Sobre a velha polémica com Hamilton, garante ter “muito respeito” pelo britânico, um dos “melhores da história”

Pedro Barata

Lars Baron/Getty

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A caminho dos 42 anos, que cumprirá em julho, e mais de década e meia depois do bicampeonato mundial, conseguido em 2005 e 2006, Fernando Alonso voltou aos lugares da frente da Fórmula 1. Pela Aston Martin, o espanhol foi terceiro nos três grandes prémios que já se realizaram na temporada, terminando no pódio em corridas consecutivas pela primeira vez desde 2012, ainda na Ferrari, e superando a centena de classificações entre os três primeiros (vai em 101).

Antes do regresso das competições após três semanas de paragem, em Baku, o piloto assumiu, à “Marca” que a época de estreia na Aston Martin está a correr “surpreendentemente bem”, já que o pensamento era ter “um bom carro”, mas “não tanto para desafiar a Mercedes e a Ferrari”. Lance Stroll, o companheiro de Alonso, terminou em sexto no Bahrain, não concluiu na Arábia Saudita e foi quarto na Austrália, pelo que só a Red Bull soma mais pontos que a Aston Martin no Mundial.

Num pelotão em que, além do asturiano, só Lewis Hamilton (38 anos) supera as 35 voltas ao sol, Fernando Alonso desvaloriza o peso da perda de capacidades físicas com a idade num piloto, destacando qualidades que se podem ganhar: “Não somos corredores de 100 metros ou futebolistas, que precisam de todas as suas capacidades físicas. Um piloto depende do carro, da experiência, da motivação, de fatores muito variados”, garante.

O espanhol esteve dois anos de fora da Fórmula 1, experimentando outras disciplinas do desporto automóvel, e considera que esse período de fora o ajudou na “motivação”, já que, “quando se está 18 anos seguidos na Fórmula 1”, as “viagens ou a rotina pesam". O tempo fora do grande circo foi “refrescante”, permitindo ao espanhol ter agora “a bateria cheia”, ao passo que, quando se afastou, esta estava “vazia”. Quando ao seu nível de condução comparando com os anos em que foi campeão do mundo, não duvida: “É melhor agora, estou 100% certo”.

Um dos temas quentes do paddock é sempre a relação entre Fernando Alonso e Lewis Hamilton, os dois pilotos mais velhos e duas das referências da Fórmula 1. Em 2007, os dois foram companheiros de equipa na Mercedes e a relação ficou marcada por vários episódios tensos.

Ainda assim, o espanhol assegura ter “muito respeito” pelo heptacampeão do mundo, que diz ser “um dos melhores da história”. Não obstante, Alonso não descura o peso da “sorte” ou o “saber estar” durante “muitos anos no carro dominante”.

"Schumacher ganhou sete títulos, o Lewis também, Verstappen vai a caminho do terceiro, eu ganhei dois. Para ser campeão, precisas do melhor carro. Se ele tivesse algum problema na Mercedes naqueles anos, o Bottas poderia ter cinco títulos", considerou na entrevista à “Marca”, acrescentando que Verstappen “não está a mostrar qualquer ponto débil na sua condução”.

Dan Istitene - Formula 1/Getty

Os últimos tempos levaram a um novo fulgor da persona mediática de Fernando Alonso, particularmente em Espanha. Alavancado pelos resultados, claro, mas também devido à presença do piloto nas redes e até com reflexos nos rumores acerca da sua vida íntima, a qual o espanhol “não quer comentar”, não desmentindo as informações que dão conta de um relacionamento com a cantora Taylor Swift.

Nesta segunda juventude do asturiano, Alonso acredita em conseguir a 33.ª vitória da carreira, ainda que admita que, se tal acontecer, será por circunstâncias favoráveis numa prova, dado que a Aston Martin “não pode ganhar por ser a melhor”, opina.

Com contrato até 2024, já há rumores sobre a possibilidade de vermos o espanhol continuar na Fórmula 1 além desse horizonte temporada. Fernando Alonso diz “não ter pensando nessa possibilidade”, mas não esconde que a, a nível de rendimento, o monolugar que conduz está “melhor do que pensava”, já que a ideia era “lutar por pódios em 2024”, feito que já conseguiu três vezes em 2023. “Pode haver a tentação de ampliar o contrato no futuro, mas também a tentação de acabar e fazê-lo com um sorriso na cara”, remata.