O Ministério Público brasileiro recebeu um pedido para que seja feita uma investigação ao três vezes campeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet. Em causa está a publicação de um vídeo nas redes sociais, em que o ex-piloto surge a dizer que o lugar de Lula da Silva, eleito presidente do Brasil, é “lá no cemitério”.
O Procurador Paulo de Carvalho escreveu num documento, à qual a agência Reuters teve acesso, que Piquet, conhecido apoiante de Jair Bolsonaro, que perdeu as eleições, alegadamente incitou à violência contra Lula. No vídeo, ele surge junto a um grupo de brasileiros com a camisola da seleção vestida, um símbolo adotado por muitos dos seguidores do ainda presidente do país. O objetivo passa agora por "esclarecer os factos”.
Carvalho defende que Piquet, que é uma figura pública, deveria ter tido consciência de que os seus comentários tinham o poder de chegar a milhares de pessoas. Principalmente tratando-se de um momento de instabilidade no Brasil. Desde domingo, os apoiantes de Bolsonaro têm marcado presença em várias manifestações, que incluíram bloqueios de estradas e um pedido de intervenção das forças armadas. Piquet terá estado numa dessas manifestações.
O senador Humberto Costa declarou no início desta semana que seria apresentada uma queixa contra Piquet junto do Ministério Público, defendendo que não se pode “normalizar o ódio e a crueldade”.
O campeão mundial de 1981, 1983 e 1987 foi um dos maiores doadores para a campanha de reeleição de Bolsonaro. Segundo a Reuters, contribuiu com um total de 501 mil reais, cerca de 100 mil euros. Piquet já foi o escolhido para conduzir o carro presidencial durante uma cerimónia.
Esta não é a primeira vez que Piquet usa o discurso de ódio publicamente. Também este ano, usou um termo racista para falar sobre Lewis Hamilton durante um podcast em que lhe foi pedido para comentar o acidente entre Max Verstappen, atual campeão do mundo e namorado da sua filha, e o heptacampeão da Mercedes, no Grande Prémio da Grã-Bretanha de 2021. Mais tarde pediu desculpa a Hamilton, mas justificou-se dizendo que recorreu a um termo “ampla e historicamente usado coloquialmente no português do Brasil”.