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GP Japão. Pierre Gasly quase embatia contra uma grua e a FIA promete rever as regras de utilização destes veículos

O organismo responsável pelas provas de automobilismo a nível mundial está preocupado, depois do piloto da AlphaTauri ter mostrado o seu desagrado por quase ter batido num trator que estava em pista para remover um outro monolugar. Na memória, está ainda bem presente o acidente que acabou por vitimar Jules Bianchi, em 2014, na mesma pista

Expresso

PHILIP FONG/Getty

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O GP do Japão ficou marcado pelo bicampeonato de Max Verstappen, mas também por algum caos, do qual se destaca o susto de Pierre Gasly, piloto da AlphaTauri, que quase chocou com um veículo de remoção de monolugares que se encontrava em plena pista. Agora, a FIA está a considerar a hipótese de deixar de usar esse tipo de máquinas para tirar carros dos circuitos.

Gasly seguia a 200 km/h quando se deparou com o veículo. O francês ficou furioso e chegou a garantir que, caso tivesse acontecido um embate entre o seu monolugar e a máquina, não teria sobrevivido. E a verdade é que Pierre Gasly tem provas de que poderia ser mesmo assim.

As condições meteorológicas adversas provocaram um caos que fez lembrar o Grande Prémio do Japão de 2014. Nessa prova, o também francês Jules Bianchi, então piloto da Marussia, bateu contra um dos tratores encarregues de remover carros acidentados da pista e sofreu ferimentos graves. Meses depois acabou por morrer devido aos ferimentos.

Indignado, Gasly disse: “Perdemos Jules há oito anos em condições semelhantes. (…) Não compreendo como (…) ainda vemos uma grua, e nem sequer na gravilha, mas na trajetória de corrida. Não é respeitoso para com Jules, para com a sua família e entes queridos, nem para com todos nós. Foi um incidente traumático e penso que, nesse dia, aprendemos que não queremos ver nenhum trator nestas condições”.

Gasly era o único que não seguia atrás do safety car na segunda volta, altura em que o veículo foi utilizado, após um acidente com o Ferrari de Carlos Sainz. O espanhol foi um dos que condenaram o uso do trator naquelas condições: “Atrás do safety car, vamos a 150 km/h e, ainda assim, não conseguimos ver nada. Se um piloto tiver um ligeiro aquaplaning, ou sair da linha de corrida e bater no trator, acabou. Porquê arriscar? Eles iam mostrar a bandeira vermelha, de qualquer modo.”

Alexander Wurz, antigo piloto de F1 e atual presidente da Associação de Pilotos de Grandes Prémios, foi veemente na condenação do incidente. O austríaco fez uso da sua conta no Twitter para dizer com clareza: “Isto NÃO pode acontecer”.

Entretanto, a FIA confirmou que vai reexaminar a sua forma de atuar. “Sendo prática comum remover carros com o safety car em pista e sob bandeira vermelha, devido a circunstâncias particulares e tendo também em conta o retorno de vários pilotos, a FIFA ordenou uma revisão profunda dos eventos que envolveram veículos de remoção durante o GP do Japão”, pode ler-se num comunicado.

Diz o jornal “The Guardian” que a utilização de veículos de remoção é da responsabilidade da direção de corrida. No entanto, a FIA ainda não explicou por que razão o trator foi levado para a pista nas condições perigosas que então se verificavam, com os carros atrás do safety car e Gasly a recuperar terreno para se juntar ao pelotão.

Espera-se agora que a investigação do incidente considere se a utilização do trator foi autorizada pela direção de corrida ou se os oficiais de pista estavam a atuar por sua iniciativa. Independentemente da conclusão, a indignação dos pilotos deve ser compensada com uma mudança de atuação.

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