Se antes da corrida poucas pessoas duvidavam da vitória de Max Verstappen, durante a prova a esperança dos adeptos da Mercedes foi crescendo, ao perceberem que a estratégia mais arriscada escolhida pela equipa até poderia resultar. Só que quando Yuki Tsunoda, da AlphaTauri, se viu obrigado a retirar o carro, um virtual safety car complicou as contas de Lewis Hamilton e levantou um coro de críticas em relação a uma suposta estratégia da equipa-irmã, a Red Bull.
Tsunoda começou por informar a equipa que algo estava errado com os pneus, que poderiam estar mal apertados. Realizou um pit stop, onde confirmou que os pneus estavam bem e apertou o cinto, e tentou voltar à pista, mas em poucos segundos percebeu que o carro não estava bem e parou numa das zonas de relva do circuito de Zandvoort. Porque é que não ficou logo na garagem se algo não estava bem? Claudio Balestri, engenheiro chefe da AlphaTauri, explicou: “Após a paragem nas boxes, [Tsunoda] relatou algo estranho na traseira do carro. Foi chamado de volta para mudar os pneus e imediatamente a seguir tivemos uma avaria no carro. Isto está atualmente a ser investigado dentro da equipa".
A sequência de eventos, e a ligação entre a AlphaTauri e a Red Bull, levantou várias questões entre os adeptos e não só. Toto Wolff, chefe de equipa da Mercedes, também abriu a porta a algumas teorias da conspiração.
“Se estivéssemos a lutar pelo campeonato, isso seria algo para o qual eu olharia atentamente. O piloto parou, sem cinto, fez uma volta completa, entrou, o problema não foi resolvido, voltaram a colocar os cintos de segurança e ele saiu de carro e parou o carro novamente. Isso provavelmente mudou o resultado da corrida que talvez pudéssemos ter ganhado”, afirmou Wolff.
O desporto, como qualquer outro local, deveria ser um espaço seguro e inclusivo. Mas quando as emoções atingem extremos e o abuso surge sem qualquer justificação, isso nem sempre acontece. A vítima desta vez foi Hannah Schmitz, líder de estratégia da Red Bull, uma das poucas mulheres no paddock com um lugar de chefia e vista como o cérebro deste cenário em que os problemas de Tsunoda teriam sido inventados para que a Red Bull garantisse a vitória de Verstappen.
O abuso que Schmitz recebeu online foi tal que levou a AlphaTauri a fazer uma declaração: “É incrivelmente desanimador ler alguns dos comentários dirigidos à nossa equipa e à chefe de estratégia da Red Bull, Hannah Schmitz. Tal comportamento odioso não pode ser tolerado, e entreter acusações de jogo sujo é inaceitável, falso e completamente desrespeitoso tanto para a Hannah como para nós. Sempre competimos de forma independente, justa e com os mais altos níveis de respeito e desportivismo. O Yuki teve uma falha que a equipa não detetou imediatamente, o que o levou a parar na pista. Sugerir algo diferente é insultuoso e categoricamente incorreto”.
Depois do abuso online começar, vários adeptos também se juntaram em defesa da chefe de estratégia. Não só elogiaram as decisões que tomou durante o Grande Prémio dos Países Baixos, que levaram à vitória de Verstappen, como todo o trabalho que tem feito ao longo da época. Neste momento, olhando para o placard das redes sociais, a onda de apoio está a vencer contra o abuso e o machismo.