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A fúria de Lewis Hamilton no GP dos Países Baixos é intrínseca ao seu caráter: “Não posso, não quero pedir desculpa pela minha paixão”

A estratégia da Mercedes fez com que Lewis Hamilton, que chegou a comandar a corrida, acabasse a prova em quarto lugar, sendo facilmente ultrapassado por George Russell, seu companheiro. Pelo rádio, o público testemunhou a raiva do heptacampeão do mundo contra a equipa. Hamilton lamentou o tom exaltado, mas diz que aqueles que com ele trabalham percebem o momento

Expresso

CHRISTIAN BRUNA/EPA

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Ainda que Lewis Hamilton tenha lamentado os excessos nas palavras que dirigiu à equipa, via rádio, quando foi facilmente ultrapassado pelo companheiro George Russell, não escondendo que estava furioso com as opções da Mercedes após a entrada do safety car, a sua ira foi audível e ficou registada pelo público, pouco habituado a alterações no tom de voz do heptacampeão do mundo de F1. Tudo aconteceu nas últimas voltas do GP Países Baixos

A estratégia da Mercedes na atribulada corrida, com dois safety cars – um virtual e um real – em pista, terá traído as – verdadeiras – hipóteses de Hamilton vencer pela primeira vez em 2022. Na segunda interrupção da prova, Russell foi à box e trocou de pneus, enquanto o inglês mais velho permaneceu em pista. A degradação dos pneus terá sido fundamental para a perda de ritmo, deixando Verstappen inalcançável e Lewis à mercê de George Russell e ainda de Charles Leclerc. Assim, o Mercedes de Hamilton terminou a prova em quarto lugar.

Depois da corrida, o inglês avisou que não vai reprimir as suas emoções durante as corridas. O piloto referia-se às mensagens ferozes dirigidas à Mercedes, via rádio, e ouvidas pelo público, logo após a ultrapassagem de Russell. Hamilton insistiu que a atitude faz parte do seu caráter: “Eu não posso, não quero pedir desculpa pela minha paixão, porque é assim que eu sou e nem sempre faço as coisas certas”.

Citado pelo jornal “The Guardian”, Lewis Hamilton exprimiu, ainda assim, algum arrependimento: “Eu estava no limite (…) das minhas emoções e peço desculpa à equipa porque nem sequer me lembro do que disse. Perdi-me por um segundo. Mas penso que eles sabem que foi fruto da muita paixão”.

A reforçar a confiança na Mercedes, o recordista – ex-aequo com Michael Schumacher – de títulos de Fórmula 1, fez questão de acrescentar: “A equipa é formada por um grupo de jovens determinados. Acredito a 1000% que eles têm o conjunto certo. Hoje não foi fácil. Claro que poderíamos sempre olhar para trás e ver onde seria possível fazer uma escolha diferente. Mas a vida é assim. Apenas aprendemos com ela”.

Hamilton ainda não ganhou qualquer corrida este ano. A continuar assim até ao fim da época, será a primeira vez que tal acontece desde que se estreou na Fórmula 1, pela McLaren, em 2007. Também nenhum inglês terminou qualquer grande prémio em primeiro em 2022, pelo menos até agora. Se a temporada terminar com esse registo, será a primeira ocasião desde os anos 50 que isso acontece.