Há dois GP Países Baixos. Aquele até à volta 48 e o que se seguiu. Na primeira parte, a Red Bull via-se na iminência de deixar escapar a prova caseira de Max Verstappen. Não por ter um carro inferior, mas porque a Mercedes acertou na estratégia. Com Red Bull e Ferrari numa estratégia de duas paragens, a Mercedes optou por colocar os carros de Lewis Hamilton e George Russell a parar apenas uma vez, confiando num pneu duro que dava muito boa conta de si no banking da pista de Zandvoort.
Diferentes formas de abordar a corrida não permitiam lutas no asfalto, mas durante boa parte da corrida Lewis Hamilton parecia ter vantagem na posição em pista: bastava Verstappen fazer a segunda paragem para a Mercedes colocar-se na frente. A luta, por esta altura, fazia-se entre os responsáveis pela estratégia das duas equipas, provando que não só os pilotos ganham corridas.
Até que Yuki Tsunoda parou o seu AlphaTauri a meio da pista na tal volta 48. E aí Hannah Schmitz, estratega da Red Bull, deu razão à realização televisiva da prova, que não parou de a filmar ao longo de todo o GP Países Baixos. Viram seguramente a mudança de semblante da engenheira britânica: de preocupação para um rasgado sorriso.
A entrada em cena do safety car virtual viu a Red Bull voltar ao jogo, com reações rápidas na hora de mandar parar o neerlandês. Verstappen teve aí uma oportunidade para ir à box e trocar de pneus. A Mercedes imitou os rivais, colocando Hamilton em médios, e parecia estar na calha uma luta em pista até ao final da corrida.

Dan Istitene - Formula 1/Getty
Mas a história deste GP Países Baixos com os safety cars ainda não tinha terminado. Na volta 56, depois de Valtteri Bottas ficar parado na reta da meta com problemas no seu Alfa Romeo, o safety car foi chamado e mais uma vez a Red Bull tomou as decisões certas, nos segundos certos. Max Verstappen foi chamado para colocar macios e mesmo ficando atrás dos dois Mercedes, a velocidade de ponta dos Red Bull davam garantias de vitória num recomeço em pelotão agrupado.
E foi isso mesmo que aconteceu. Depois de George Russell também parar para montar macios, Hamilton ficou na frente mas à mercê do leão neerlandês, que nem esperou muito para atacar a liderança: logo no recomeçar da corrida, à volta 61, engoliu o sete vezes campeão do mundo na curva 1, seguindo depois tranquilamente para a 10.ª vitória da temporada. O título não está matematicamente entregue ao campeão de 2021, mas por esta altura, com mais de 100 pontos de vantagem para os rivais, parece impossível que Max Emilian Verstappen não agarre o bicampeonato.
Porque nesta altura parece altamente improvável bater o RB18 em pista. Só mesmo na estratégia e até na sala de operações a equipa parece estar um passo à frente na hora de tomar decisões em margens ínfimas.
Quanto ao pódio, Lewis Hamilton teve um final de GP Países Baixos para esquecer: com pneus médios desgastados, viu-se ainda ultrapassado pelo colega George Russell e pelo Ferrari de Charles Leclerc. A Ferrari voltou a ter uma corrida quase amadora: não acertou na estratégia e acabou com as expectativas de Carlos Sainz logo à primeira paragem na box, ao esquecer-se do pneu traseiro esquerdo que iria mudar no carro do espanhol. Mais tarde, o piloto de Madrid ainda seria penalizado por um unsafe release, depois de bater em Fernando Alonso (Alpine, 6.º) também numa saída da box. Com isto, Sainz baixou para 8.º na tabela final.
No Mundial de pilotos, Max Verstappen é cada vez mais líder, com 310 pontos. Charles Leclerc é 2.º, com 201 pontos, os mesmos que Sergio Perez. George Russell é o primeiro dos Mercedes, com 188 pontos.
A caravana da Fórmula 1 segue agora para Monza, onde já na próxima semana se corre o GP Itália.