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Chefe da F1 não vê mulheres a competirem nos próximos 5 anos. Vettel respondeu: “Este tipo de pensamento estereotipado tem de desaparecer”

A Fórmula 1 é um universo maioritariamente masculino e, segundo as últimas declarações do chefe da categoria, Stefano Domenicali, continuará a ser. Quem não gostou da ideia foi Sebastian Vettel, que incentivou as pilotos a mostrarem ao diretor-executivo italiano que está errado

Rita Meireles

Bryn Lennon

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O chefe da Fórmula 1, Stefano Domenicali, fez saber a sua opinião em relação à probabilidade de uma piloto chegar à grelha da categoria-rainha nos próximos cinco anos. O italiano acredita que as mulheres podem competir na Fórmula 1 e garante querer melhorar a probabilidade de isso acontecer, mas, "a não ser que haja algo como um meteorito", não espera ver uma mulher a competir na categoria "nos próximos cinco anos".

Quem já respondeu a estes comentários foi Sebastian Vettel, que em vários momentos deu a cara pela igualdade de géneros e inclusão na modalidade. O piloto, que anunciou no mês passado que 2023 será o seu último ano de competição, criticou Domenicali.

"Foi uma escolha de palavras muito azarada. Não vejo razão para não podermos ter uma mulher na grelha", disse o quatro vezes campeão mundial. "São afirmações como esta com que as mulheres ou raparigas são provavelmente confrontadas quando estão a crescer e a partilhar os seus sonhos, sentadas ao pequeno-almoço a dizer 'Eu quero tornar-me piloto de corridas'. E o pai pode ter lido exatamente declarações como esta e dizer: 'Também gostas de outras coisas, porque não te concentras em outras coisas?'. Talvez elas se concentrem em outras coisas e deixem cair as corridas ou a ideia. É importante que não digamos estas coisas porque há faíscas por todo o lado”.

Vettel incentivou ainda as pilotos com aspirações no desporto automóvel a provarem que o chefe da Fórmula 1 está errado ao fazer esta afirmação.

"Encorajo todas as raparigas a falar e a provar que Stefano está errado a este respeito, e que todas estas pessoas que dizem que certas coisas não podem ser feitas por ti, porque és uma rapariga ou mulher, estão erradas. Este tipo de pensamento estereotipado está a desaparecer lentamente, mas tem de desaparecer completamente", afirmou.

Até hoje, apenas duas mulheres iniciaram um Grande Prémio: Maria Teresa de Filippis correu cinco vezes na década de 1950, e Lella Lombardi em 1976, sendo que é a única mulher a pontuar. Susie Wolff foi a mais recente a participar num fim de semana de corrida. Cumpriu o seu sonho ao serviço da Williams, no primeiro treino livre em Silverstone.

A própria Fórmula 1 promove um campeonato exclusivamente feminino. As corridas da W Series realizam-se nos fins de semana dos Grandes Prémios, assim como a Fórmula 3 e Fórmula 2. A W Series também “entrou na conversa” depois das declarações de Domenicali.