Ainda mais de uma hora restava para o arranque e George Russell, o simpático e novato inglês da conterrânea Williams, provavelmente feliz da vida pelo 12.º lugar conseguido na grelha, uma felicíssima ocorrência tendo em conta a equipa que lhe dá um carro para conduzir, publicou uma foto nas suas redes. Estava algures no circuito de Hungaroring, na Hungria, apontou o telemóvel ao céu e às redondezas e o ☔ disse o resto.
Chuva caía na pista e molhava as condições que na Fórmula 1, como em qualquer prova que acelere motores e pneus contra o alcatrão, torna as coisas mais engraçadas, pelos menos mais entusiasmantes, porque dá outro lugar à mesa ao talento, às mãozinhas, enfim, à capacidade própria dos pilotos para lidarem com a água ser o prato principal da corrida. E nem ela tinha começado e já Max Verstappen lidava mal com isso.
Na volta de aquecimento, o holandês perdeu o controlo do seu Red Bull, saiu da pista, embateu contra as barreiras, lá conseguiu levar o carro à grelha e teve que resfriar toda a extravagância que é muito sua ali mesmo à frente do seu monolugar, enquanto os engenheiros da equipa esmifravam o tempo para trocarem a asa e o braço da suspensão. "Que trabalho incrível rapazes, é inacreditável, muito obrigado", ouviu-se Verstappen dizer, no rádio da equipa, confirmando a proeza.
Largada a corrida, as 70 voltas ao Grande Prémio da Hungria reforçariam a necessidade do holandês em multiplicar, um pouco mais, os agradecimentos aos engenheiros.
Vertappen terminaria na segunda posição final, a mais de oito segundos do rotineiro Lewis Hamilton, tão dono da constância no domínio da corrida que raras foram as vezes em que ia aparecendo na transmissão televisiva. Em terceiro ficou Valtteri Bottas, companheiro do britânico da Mercedes, que assim não conseguiu acabar um lugar à frente e com a melhor volta (também foi de Hamilton) para ficar empatado com o inglês na liderança do mundial de Fórmula 1.
Tão obviamente dominador foi a corrida de Hamilton que chegou, até, a dobrar os Ferrari de Sebastien Vettel e Charles Le Clerc, padecidos do mesmo mal que outros 12 pilotos. Apenas quatro, aliás, cruzariam a meta na mesma volta. Lance Stroll, da Racing Point, e Alexander Albon, foram o quatro e quinto classificados finais.
O mais reconhecível dos vermelhos automobilísticos voltou a desiludir, pela terceira corrida seguida, tendo até Le Clerc sido ultrapassado, já perto do final, por Carlos Sainz, espanhol que será seu companheiro de equipa a partir da próxima época e conseguiu espremer a Renault até ao último posto (10.º) com direito a pontos na pista húmida, onde não voltariam a cair pingos de chuva.
Onde Max Verstappen foi resgatado pelos mecânicos da Red Bull, salvadores do holandês no meio da pressa, a quem o piloto concedeu mais elogios, via rádio, ao cruzar a meta: "Vocês são lendas, muito obrigado!".