O afinar da máquina da seleção nacional para o Europeu de Inglaterra tem passado por várias fases, rumo ao objetivo de estar na melhor forma possível a 9 de julho, data da estreia na prova, contra a Suíça. Numa segunda semana de estágio com três partidas, Francisco Neto já tinha avisado que haveria a preocupação de gerir o desgaste e equilibrar os minutos de jogo de todas as jogadoras, mais com vista no futuro próximo do que propriamente no resultado de cada um dos desafios. E essa gestão foi a nota dominante de novo duelo contra a Grécia.
Tal como no primeiro embate diante das helénicas, Portugal ganhou, só que desta feita sem goleada. O 1-0 final é o resultado do intenso domínio da seleção nacional, que passou 90 minutos instalada perto da baliza rival, mas sem conseguir criar muitas oportunidades de perigo. Francisco Neto fez 10 mudanças no onze inicial e foi Carole Costa, a única repetente de início, a fazer o único golo no Estoril, na cobrança de um penálti.
A guarda-redes Rute Costa foi uma mera espetadora durante todo o jogo, apesar de ter ido buscar a bola ao fundo das suas redes logo aos 5'. Eleni Markou cabeceou para o golo, mas a jogadora grega estava fora de jogo, praticamente não voltando as visitantes a ameaçar a baliza portuguesa.
No arranque do desafio o jogo nacional foi muito lento, sem conseguir ligar entre-linhas nem fomentar o jogo interior que o diamante no meio-campo da seleção tenta estimular. Sem muita largura nem velocidade, a criatividade escasseava e as jogadas de perigo também. As exceções foram um remate de Andreia Norton — a melhor jogadora portuguesa da tarde, demonstrando a sua técnica e agilidade — ao poste, num raro lance em que Andreia Faria progrediu por zonas interiores, e um remate de Ana Borges, servia por Lúcia Alves, que foi intercetado.
Hernani Pereira/FPF
Com Telma Encarnação no ataque — na primeira parte Ana Borges esteve em zona mais central, próxima da dianteira madeirense, e na segunda mais fixa na direita —, Portugal ganha uma referência ofensiva diferente de Jéssica e Diana Silva. A futebolista do Marítimo não só é uma ameaça a nível goleador, como também oferece soluções como pivô, servindo quem surge ao seu redor. Aos 23' e aos 35', essa capacidade de segurar e soltar permitiu que Andreia Norton e Ana Borges rematassem em boas posições, mas sem êxito.
O 0-0 ao intervalo espelhava a falta de inspiração portuguesa. Do banco, ouvia-se recorrentemente Francisco Neto a pedir mais velocidade, sinal evidente das dificuldades de criação ofensiva.
Gualter Fatia/Getty
Na segunda parte chegou o único golo da tarde. Após canto de Ana Borges na direita, a árbitra considerou mão de Giannaka na sequência de cabeceamento de Vanessa Marques. Na marcação do penálti, aos 61', Carole Costa disparou com êxito. Logo a seguir, um grande passe de Ana Borges num contra-ataque isolou Telma Encarnação, que rematou ao poste. Foi a última finalização de perigo da seleção.
Depois do 1-0 entraram Andreia Jacinto, Sílvia Rebelo, Diana Silva, Jéssica Silva e Dolores Silva. No entanto, nos últimos 30 minutos Portugal pouco criou, apesar de muita insistência, particularmente nos cruzamentos, mas sem muito vigor ou energia.
O duplo embate contra a Grécia começou com o show de Kika Nazareth no Restelo e terminou com a sensação de gestão e de que, no Europeu, Portugal encontrará cenários bem diferentes destes 180 minutos de amplo domínio contra as helénicas. Segue-se a Austrália, na terça-feira, num teste de exigência acrescida.