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Expresso

Boris Becker condenado a dois anos e meio de prisão por esconder património após decretar falência

O antigo tenista, vencedor de seis torneios do Grand Slam, foi esta sexta-feira sentenciado pela justiça britânica por ter ocultado objetos de valor (incluindo troféus da carreira) após ter declarado falência, em 2017. Boris Becker

Diogo Pombo e Rita Meireles

Neil Mockford

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Nos seus dias, Boris Becker foi dos melhores tenistas que havia para se ver. Conquistou Grand Slams em piso rápido e relva, tendo ganhado dois Opens da Austrália, um US Open, três edições de Wimbledon e, mesmo em terra batida, alcançou as meias-finais em Roland Garros um trio de vezes. Entre a década de 80 e 90, o alemão alto, corpulento e loiro era um candidato a vencer qualquer torneio no qual entrasse.

Com o tempo e após a reforma, Boris Becker foi entremeando a vida como comentador televisivo, treinador (de Novak Djokovic, por exemplo) ou presidente da Federação de Ténis da Alemanha com notícias sobre evasão fiscal. Até que, em 2017, o antigo tenista que vive em Londres, perto da relva de Wimbledon onde tanto brilhou, declarou falência.

Esta sexta-feira, Boris Becker foi condenado a dois anos e meio de prisão pela justiça britânica por, segundo o "The Guardian", ter escondido "milhões de libras" em bens e património após ter declarado não ter capacidade financeira para saldar as dívidas que tinha.

Foram quatro as acusações da qual foi considerado culpado, mas foi também absolvido de outras 20 relacionadas com a sua falência de 2017. A antiga estrela do ténis vai agora cumprir metade da pena total na prisão.

Becker apresentou-se em tribunal “equipado” com as cores de Wimbledon, através do roxo e verde da gravata, e acompanhado pela namorada e o filho. O seis vezes campeão de majors negou sempre as acusações, dizendo que agiu com base nos conselhos que foi recebendo da parte de especialistas. Já a acusação, representada por Rebecca Chalkley, disse que Becker tinha agido "deliberada e desonestamente" e que "continuava a procurar culpar os outros".

Simon Bruty/Getty

A falência de Becker surgiu de um empréstimo de 4,6 milhões de euros de um banco privado em 2013, bem como cerca de 1,5 milhões de euros emprestados de um empresário britânico no ano seguinte, de acordo com o testemunho no julgamento. Questionado sobre o paradeiro dos seus ganhos ao longo da carreira como tenista, garantiu que ficou tudo nos pagamentos de um “divórcio caro” e algumas dívidas.

O que ficou por mencionar foi a sua parte numa propriedade de cerca de 1,2 milhões de euros em Leimen, a sua cidade natal na Alemanha, que não foi declarada, um empréstimo bancário no valor de 825 mil euros ou as ações que tem num negócio na área da tecnologia.

Esta não é a primeira vez que Becker passa por este processo. Em 2002, foi condenado a dois anos de pena suspensa por evasão fiscal e tentativa de evasão fiscal no valor de 1,7 milhões de euros na Alemanha. Referindo-se a essa condenação, a juíza disse: "Não teve em conta o aviso que lhe foi dado e a possibilidade que lhe foi dada pela pena suspensa, o que constitui um fator agravante significativo".