Entre os números e o futebol não é que haja uma relação conjugal, é mais um emparelhamento de distintas estirpes. Pode ser circunstancial quando reparamos em algo que não se deveria elevar para lá do estatuto de curiosidade, ou vezes há em que eles são usados para alguém tentar provar um ponto congeminado na cabeça, contorcionando-se invertebradamente nos argumentos até chegar lá perto. Mas, na maioria das vezes, os números são apenas um rol de possibilidades de 0 a 10 que podem, ou não, denotar coisas sucedidas em campo e derivadas de pontapés na bola.
Pontificando, por 0-1, nas barbas do Ajax em Amesterdão, o Benfica chegou aos quartos-de-final da prova mais apetecível na Europa. A Liga dos Campeões está sempre na estima de qualquer clube pelo prestígio que emana para quem nela brilhar, além do que pode significar nas contas bancárias e o primeiro dos números está nos 64,9 milhões de euros já garantidos pela participação na Champions. Foram, para já, três vitórias, dois empates e um par de derrotas, resultados vindos de outros números que servem para esmiuçar o que o Benfica fez.
Alcançar o grupo das últimas oito equipas em competição implica fazer igual número de jogos, nos quais o Benfica marcou 10 golos e sofreu 11. Sobreviver com um saldo negativo com as balizas é possível pela natureza da prova, porque desde 1992 que a antiga Taça dos Clubes Campeões Europeus se rebatizou como Liga dos Campeões e reformulou para ter uma fase de grupos, na qual os dois primeiros classificados seguem na prova. Com este formato, é a quinta vez que o clube que faz uma águia planar sobre o seu estádio antes de cada jogo está nos quartos-de-final da competição.
Concluindo nada, porque nada prova, os números mostram que nunca o Benfica tinha chegado a esta fase com tantos golos sofridos. Foram 11, engordados pela coincidência ditada pelo sorteio com o Bayern de Munique. A equipa, então ainda com Jorge Jesus, sofreu oito golos no par de encontros com os campeões alemães e, portanto, só encaixou três na restante meia dúzia de jogos realizados contra Barcelona, Dínamo de Kiev e Ajax.
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