Estão 25ºC em Lisboa no dia em que o treino de Jorginho recebeu a visita de uma tempestade de neve. O frio tem residência permanente em Tampere, onde as ruas estão caiadas por flocos em pleno mês de abril. A cidade finlandesa localizada no sul do país tem uma população de cerca de 220.000 habitantes. Desde julho de 2023, um deles é o futebolista português.
No jogo que antecedeu a conversa de Jorginho com a Tribuna Expresso, o Ilves Tampere, clube onde presta serviços como lateral-esquerdo, perdeu por 6-4 contra IF Gnistan, na segunda jornada do campeonato. O resultado volumoso “tem tudo a ver com o risco” que as equipas colocam no jogo.
As avalanches de golos não são assim tão invulgares na Finlândia. Pode-se conspirar que há alguma relação com o desporto-rei do país, o hóquei praticado em cima de lâminas que zarpam no gelo. O próprio Ilves Tampere tem um símbolo bem mais ao jeito da modalidade da qual foi 16 vezes campeão nacional. “Há sempre mais dinheiro investido no hóquei” ainda que exista a ambição de “querer mudar um pouco isso” e dar mais protagonismo ao futebol.
Jorginho é apenas um dos dois estrangeiros do plantel do Ilves Tampere. Estava no Covilhã e quando terminou a temporada nos serranos o que “realmente queria era sair e ter um projeto fora”. Os finlandeses descobriram-no através de uma plataforma online de transferências que permite o contacto entre clubes e agentes, manobra de mercado que se tem tornado comum. “Acaba por ser mais fácil para os clubes conhecerem melhor o atleta. Se nós estivermos em Portugal e quisermos ver jogos da Finlândia, não conseguimos [sem a plataforma]”.
Foi precisa “muita insistência” para que a ligação deixasse de ser platónica. “Era um clube que ligava todos os dias com muito interesse” na contratação do defesa de 25 anos. “Reparei que tinham estudado e estavam realmente atentos. Disseram que gostavam muito do meu perfil e que encaixa no sistema tático deles. Sabiam que eu gostava de meter intensidade no jogo, de estar sempre a correr e de chegar perto da baliza. A facilidade que tenho em conseguir assistir os meus colegas era o que eles estavam a precisar, porque, segundo eles, tinham bons avançados. O que estava a faltar era o último passe”.
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