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Luís Castro: “No Brasil é muito difícil ter estabilidade, porque mais que ideias ou planeamento, muito mais importante é o resultado”

O técnico de 61 anos entra para a segunda época de Brasileirão no Botafogo, num campeonato em que o resultado é tudo e o futebol é pouco paciente, o que o obrigou a alguma adaptação. Assumindo que o seu clube não é candidato ao título, o português não se põe de fora na luta de outros troféus esta temporada, como a Copa do Brasil ou a Taça Sul-Americana

Lídia Paralta Gomes

Wagner Meier/Getty

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Renato Paiva (Bahia), Luís Castro (Botafogo), António Oliveira (Coritiba), Pepa (Cruzeiro), Ivo Vieira (Cuiabá), Abel Ferreira (Palmeiras) e Pedro Caixinha (Red Bull Bragantino). Serão sete os treinadores portugueses no Brasileirão, que arranca no sábado. Para lá de Abel, campeão em título, Luís Castro é o único que se mantém na mesma equipa.

O técnico de 61 fala à Tribuna Expresso na quarta-feira desde Erechim, no interior do estado do Rio Grande do Sul, poucas horas antes do encontro da Copa do Brasil com o Ypiranga. No sábado, estreia-se com o São Paulo no campeonato brasileiro, no Rio de Janeiro. A violência do calendário competitivo no Brasil, que obriga as equipas a constantes e longas viagens, é uma das queixas recorrentes num futebol emocional que levou o antigo treinador de FC Porto, Rio Ave, Chaves, Vitória, Shakhtar Donetsk e Al-Duhail a ter de fazer alguma adaptação da sua ideia de jogo.

Mas em 2023, Luís Castro espera aproximar-se mais do futebol que defende e levar o Botafogo a uma boa participação na Taça Sul-Americana e Copa do Brasil.

Tirando Abel Ferreira no Palmeiras, o Luís é o único treinador português que se mantém no Brasileirão na mesma equipa para uma segunda época. O que significa isto num campeonato onde o resultado é tão importante?
O campeonato brasileiro tem exigências muito grandes e o resultadismo acentua ainda mais isso, com o impacto que tem nos clubes, nos treinadores, nas torcidas, nos jogadores. Torna tudo muito instável. Além desta instabilidade, que leva à saída e entrada de treinadores, ainda tem um dado associado que é a complexidade do campeonato e a forma que é jogado, debaixo de muita densidade de jogos, de forma muito apertada. Isso provoca que poucas equipas consigam ter regularidade competitiva. A minha permanência para o segundo ano tem várias explicações. A primeira delas é que cheguei no ano passado já depois do estadual. Embora todos digam que não é uma competição importante, é a primeira prova pós-férias e todas as torcidas estão entusiasmadas para ver o que há de novo. Portanto, dão-lhe muita importância, não sendo importante. E como o Brasil é muito emocional à volta do futebol rapidamente se instala a euforia ou a tristeza. Essa tristeza pode levar a algumas convulsões e faz com que os treinadores já entrem muito delapidados no Brasileirão. Eu tive essa vantagem, não fiz o estadual. Este ano fiz e já senti essa pressão que o estadual nos coloca. Além disso a administração tem uma boa estabilidade e permitiu que no ano passado, em dois momentos muito sensíveis da época, quando acumulámos quatro derrotas num momento e uma série de quatro derrotas noutro momento, se optasse pela estabilidade, para chegarmos ao fim a lutar pela Libertadores. Acabámos por ir para a Taça Sul-Americana, infelizmente, porque não conseguimos ganhar o último jogo.

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