Nunca se saberá se Roger Schmidt apostou em João Neves por convicção, desespero ou um “pior do que está não fica.” Até pode ter sido uma mistura dos três: acreditar que o miúdo é bom, a ânsia de mudar e a certeza de que dificilmente ficaria pior do que estava após a fase mais negra da época, com três derrotas consecutivas, incluindo uma em casa contra o Porto, e eliminação da Champions. Talvez tenha sido fezada. Desconfio que não haja palavra em alemão para fezada, mas Schmidt já terá absorvido um pouco da nossa cultura do “cá vai disto”.
Neves: pés no chão, cabeça levantada
O escritor Bruno Vieira Amaral fala de João Neves, o miúdo que joga de camisola dentro dos calções, à antiga. Que não tem medo, que joga de cabeça levantada, que vai ao choque, recupera, pensa rápido, distribui, curto ou longo, na medida certa, miudinho, moutinho, formiguinho. E a equipa agradece-lhe o jeitinho porque estava a precisar de tudo o que ele lhe dá
15.05.2023 às 12h32
PATRICIA DE MELO MOREIRA
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