Quando se soube que Pepa ia deixar o comando técnico do Vitória Sport Clube, a cerca de uma semana do arranque da temporada 22/23, as previsões eram desoladoras. Além disso, a saída de uma pérola como André Almeida e de uma referência como Rochinha (entre outros nomes importantes) dava a sensação de que o plantel estava demasiado enfraquecido para chegar aos objetivos. Poucos seriam capazes de perspetivar que, uns meses depois, os vimaranenses iam ter um rumo definido, juntando resultados e a valorização de jogadores da casa. Não se compreende o estado atual sem perceber o papel de Moreno, que subiu na hierarquia.
É reconhecido o amor fiel (irracional, ao mesmo tempo) da massa adepta vitoriana. Tirando os três principais clubes, não haverá lugar mais exigente do que Guimarães no que toca ao compromisso com as cores. Para o bem e para o mal. Moreno sabe o que isso representa para todos. Viveu-o na pele enquanto jogador, passando até pela amargura da descida de divisão. Essa compreensão do ADN do emblema da cidade-berço é um dos pontos fortes. Pode haver limitações técnicas ou táticas, mas nunca dispensando o orgulho de estar em campo com aquela camisola. Do ponto de vista técnico e tático, a relação com João Aroso parece dar a necessária harmonia entre a experiência de balneário e o conhecimento metódico.
A semente do Vitória
A cerca de uma semana do arranque desta época, o Vitória trocou de treinador. Entrou Moreno, conhecedor do ADN do clube que chegou a estar oito jogos sem vencer, mas a paciência e visão de projeto têm mostrado os ganhos. Tomás da Cunha explica como no atual 5.º classificado da I Liga se vê um processo coletivo sempre reconhecível, uma segurança defensiva há muito não vista e bases para o Vitória viver com estabilidade
10.03.2023 às 10h18

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