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Crónica

Um surfista, um skater e um snowboarder fazem malas sem saberem para onde. O resultado? Uma viagem para acompanhar

O surfista Filipe Jervis, o skater João Allen e o snowboarder Ricardo Araújo chegaram ao aeroporto com malas feitas sem saberem que iam para a Turquia onde, durante 10 dias, irão à caça de ondas no Mar Negro e neve nos Montes Kaçkar. Cada um deles vai narrar a viagem com crónicas diárias na Tribuna Expresso

Expresso

Pedro Mestre

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O que há para correr mal quando se chega ao aeroporto desconhecedor do destino e com a mala repleta de pranchas de surf e de snowboard, mais tábuas de skate? Em teoria, nada. Na prática, logo se vê. Na realidade, quando a mercadoria se vira para três invenções para os humanos se deslocarem com algo debaixo dos pés, convém que o lugar onde aterrem seja fornecedor de mar fabricador de ondas, montanhas friorentas com neve e zonas de cimento plano com corrimões à mistura.

Era esse o desejo de Filipe Jervis, João Allen e Ricardo Araújo quando, este sábado, se encontraram no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e olharam para os ecrãs com a listagem das asas que iriam partir de lá. Apenas o último, snowboarder profissional e campeão nacional, pode empacotar para a viagem sabendo para onde iriam: foi ele quem congeminou o plano, quem matutou o itinerário.

A arte de Filipe Jervis é ser surfista profissional, a de João Allen é o skate (também já se agarrou ao título nacional de snowboard) e juntos vão aterrar, este sábado, na Turquia, com a mira posta em fazer figas para despistar ondas no Mar Negro, escalarem as altitudes dos Montes Kaçkar e explorarem a cultura do país onde o objetivo é puxarem pelos seus limites técnicos e físicos.

Pedro Mestre

A expedição - cuja primeira edição, o ano passado, os levou a Marrocos - durará 10 dias e, a cada sol, um deles escreverá páginas no diário de bordo. As crónicas serão publicas na Tribuna Expresso com as devidas fotografias e a primeira é da autoria de Ricardo Araújo:

"Dia 0

É exatamente como dizem: mais uma moeda mais uma voltinha.
Encontro-me a escrever no meio do quarto, rodeado de sacos, pranchas, gorros, fatos, rádios, mochilas de avalanche, tanta tralha que nem sei sequer onde vou começar…

Voltando um ano ao passado, mesmo sítio, mesma situação, mas destino diferente. A primeira edição da Dakine Expedition foi Marrocos. Subimos a pé aos agonizantes 4200m da montanha mais alta do norte da África para descermos de snowboard. Surfamos as perfeitas direitas de Taghazout. Foi uma aventura perfeita.
Para esta edição o conceito mantém-se: três amigos que estão dispostos a saírem da zona de conforto para descobrirem novos locais e, acima de tudo, serem autênticos.

Passei os últimos meses a organizar cada detalhe. Escondido do mundo, sem revelar nada. Sim, os meus amigos ainda não sabem para onde vão. Será revelado quando chegarem ao aeroporto. Pranchas de surf, snowboard e este ano adicionamos o skate. Estão constantemente a lançar perguntas a ver se eu dou alguma dica que os permita adivinhar. Imaginem a ansiedade que estão a viver…

Querem saber? Ainda não posso revelar, mas devo dizer que eu próprio mal posso esperar."

* Este texto faz parte de uma série de crónicas escritas por um surfista, um skater e um snowboarder portugueses durante uma viagem à Turquia em busca de ondas, neve e ruas para rolar, fruto de uma parceria entre a Tribuna Expresso e a Dakine Expedition.