Paulinho foi buscar a festa do Sporting ao Marquês e levou-a para o Estoril
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O 20.º golo do avançado na temporada deu nova vitória (1-0) aos campeões nacionais, prolongando o clima de euforia na nação verde e branca. Após uma hora morna, quase em ritmo de pré-época, as entradas de Paulinho e Nuno Santos revitalizaram o Sporting e garantiram que o recorde pontual da história do clube fosse batido
Foi como se um breve instante separasse a madrugada de domingo para segunda-feira e a tarde de sábado. Do momento em que Paulinho subiu ao palco montado no Marquês de Pombal, com milhares de adeptos cantando o nome do avançado, até à ocasião em que o minhoto deu a vitória (1-0) ao Sporting contra o Estoril, parece que não passaram seis dias, mas sim um abrir e fechar de olhos, uma continuidade emocional, a extensão da euforia.
Da rotunda icónica do centro de Lisboa para a Amoreira, da madrugada do 20.º título para o 14.º triunfo em 16 partidas na segunda volta do campeonato. Cruzamento de Nuno Santos, remate de Paulinho, pequena ajuda de Rodrigo Gomes, golo. Ali, no festejo de Paulinho, no cântico que faz alusão a como os adversários caem quando o ponta-de-lança mostra os dentes, os leões levavam a festa para outro palco, parecendo que ela não saira do mesmo local.
Numa tarde de celebração, chegou a parecer que o Sporting ainda estava preso no Marquês, com a ressaca da noite em cima, sonolento e lento. Se assim era, Paulinho foi buscar a equipa àquela noite e trouxe-a para novo triunfo, transportando, simultaneamente, a festa de um ponto para o outro, de um dia para o outro.
O 20.º golo do ex-SC Braga na época marca a melhor campanha do canhoto em Alvalade, a época em que, como ator secundário perante o protagonismo de Gyökeres, Paulinho se soltou e tornou-se decisivo em campo e ícone para as bancadas. O seu golo colocou o Sporting com 87 pontos, um novo recorde do clube, acima dos 86 de 2015/16. E não é novidade que dá algum gozo a Rúben Amorim superar registos de Jorge Jesus.
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O Estoril uniu-se à tarde de festa do Sporting pouco antes do apito inicial. Os resultados das partidas que terminaram anteriormente ditaram que, matematicamente, os canarinhos garantiram a manutenção previamente ao começo do desafio, pelo que a partida foi uma junção de gente feliz, uma coabitação de alegrias.
Tudo à volta do jogo era em tons de festa. Literalmente à volta: as varandas das casa em redor do António Coimbra da Mota encheram-se de sportinguistas, com bandeiras, cachecóis, cânticos e esplanadas improvisadas. Os novos campeões nacionais entraram no relvado ladeados por uma guarda de honra do Estoril e antes dos 100 segundos de encontro já os adeptos dos leões cantavam, em uníssono, o nome de Rúben Amorim.
Não obstante, o clima de euforia e a sensação de dever cumprido terãp levado a uma descompressão, a um ambiente de amigável. Com sol, calor e objetivos assegurados, um espetador desatento poderia julgar que estávamos perante um particular de pré-época. E, vendo o primeiro tempo, o relvado confirmou essas sensações.
Foi preciso esperar mais de 40 minutos para haver uma oportunidade de golo. Na baliza do Sporting, Diogo Pinto, de 19 anos, aproveitava as lesões de Adán e Israel para se estrear e, assim, sagrar-se campeão nacional. Nas últimas três décadas, só Rui Patrício defendeu a baliza dos leões sendo mais novo.
Mas o primeiro tempo foi de quase pré-temporada e Pinto pouco trabalho teve. Na verdade, o ainda adolescente não realizou qualquer defesa de elevada dificuldade em toda a tarde.
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Só aos 35' o Sporting rematou pela primeira vez, por intermédio de Trincão, que na primeira volta, contra o Estoril, começou a ganhar o protagonismo que agora possui na equipa. Talvez ainda de ressaca pelo Marquês, quiçá por uma normal descompressão competitiva, como um homem que andou semanas em tensão a perseguir um horizonte e agora relaxou, o Sporting entrou em campo com pouca velocidade e agressividade.
Só aos 44' houve a primeira oportunidade de golo, mas Pote, servido por Trincão, rematou com pouca qualidade. Na resposta, o Estoril criou ainda mais perigo, com o velocista Rodrigo Gomes, lançado pelo pé suave e preciso de Guitane, a atirar ao poste. Foi a melhor chance dos visitantes em todo o encontro.
A segunda parte trouxe bases semelhantes. Sol e calor, lentidão e pouca ação. Para procurar a vitória, Rúben Amorim foi ao banco à procura de agitar as águas na Amoreira, perto do Atlântico.
Entraram Paulinho e Nuno Santos e, à medida que a sombra ia cobrindo o terreno de jogo, quando a temperatura diminuiu, o Sporting aqueceu. Ganhou velocidade e ritmo, perigo e intenção ofensiva. Ricardo Esgaio e Trincão testaram a atenção de Marcelo Carné e os locais foram sendo empurrados rumo à sua baliza.
Até que, aos 81', o crescimento visitante levou ao 1-0. E com protagonismo de quem saiu do banco, com a 15.ª assistência de Nuno Santos na época a encontrar o 20.º golo de Paulinho. O Marquês de Pombal foi para a Amoreira, a euforia prolongou-se, a vida verde e branca é cheia de êxitos e felicidades. À boleia de Paulinho, claro, o símbolo emocional da alegria do leão.