A traição de Chandra Davidson dá a Taça da Liga ao Benfica
Gualter Fatia/Getty
Um golo da canadiana aos 84' derrotou o Sporting, equipa que a avançada representou entre 2021 e 2023. Numa final de muito equilíbrio e competitividade e poucas oportunidades de golo, um erro de Rita Fontemanha abriu a porta para que as águias conquistassem o quinto dos últimos seis troféus que se disputaram em Portugal
Se não se consegue criar, o melhor é aproveitar as brechas abertas pelas outras. Se o jogo está fechado e duro, tenso e amarrado, então a eficácia tem de ser máxima.
A final da Taça da Liga foi uma guerra de guerrilhas, um jogo de futebol feito de uma série de duelos, de sangue e suor, de luta e conflito. Nesta disputa milímetro a milímetro, neste encontro de poucas balizas e muito combate, um equívoco abriu a porta para a decisão.
Aos 84', Rita Fontemanha, a média tornada central, errou um passe na construção. Kika Nazareth recuperou, Andreia Faria lançou Chandra Davidson. A canadiana que representou o Sporting entre 2021/22 e 2022/23 não conseguiu bater Seabert à primeira, mas fê-lo à segunda. Ali estava a brecha aberta, ali estava a traição da avançada às verde e brancas.
O quarto dérbi do último mês acentuou o domínio do Benfica, que ergueu cinco dos últimos seis troféus que se disputaram em Portugal. A quarta Taça da Liga da história das águias pode abrir um maio de glória para a equipa de Patão, que nas próximas semanas pode juntar a este triunfo o campeonato e a Taça, perfazendo um póquer de glória nas competições internas em 2023/24.
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Mariana Cabral entrou com um plano, mas este só durou 8 minutos. As leões surgiram com linha de quatro atrás, com a réu Rita Fontemanha a central, mas o onze inicial foi logo alterado devido a lesão de Jacynta Gala. Entrou Diana Silva para o lugar da australiana, mas a verdade é que as verde e brancas começaram algo hesitantes, com dificuldades na circulação de bola e alguma passividade no meio-campo defensivo. O Benfica dispôs de algumas finalizações no arranque da final, mas sempre sem perigo.
A partir dos 20’, o Sporting melhorou. A pressão das águias foi mais eficazmente superada e, com mais bola, a equipa de Mariana Cabral conseguiu encontrar as subidas de Dutra pela esquerda, com Olivia Smith entrando por dentro. Do outro lado, Jéssica Silva reaparecia após lesão, mas só durou 60’. Teve pouco impacto no jogo e foi substituída por Catarina Amado, surgindo em lágrimas no banco. Não está a ser uma época fácil para a alentejana.
Os 9.016 espetadores só viram a primeira oportunidade de golo aos 35’, quando Nycole Raysla arrancou pelo centro e rematou no seu estilo agressivo, mas Hannah Seabert evitou o 1-0. Do outro lado, Lena Pauels também correspondeu quando o Sporting teve uma chance, aos 49’, travando um cabeceamento de Diana Silva.
Ver as companheiras de seleção, as pioneiras do futebol português, a sorrir quando o encontro está parado pode levar a enganos. Estes dérbis são combates cheios de nuances táticas, partidas de xadrez, buscas constantes por pequenas vantagens nas manobras idealizadas por Cabral e Patão. A treinadora das encarnadas voltou a sair por cima, tal como em nove dos últimos 14 dérbis.
ANTÓNIO COTRIM/Lusa
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As substituições foram tardando. Catarina Amado conseguiu agitar pela direita, mas faltava esclarecimento e clarividência a ambos os ataques.
Aos 80', numa das mais perigosas aproximações do Sporting, Rita Fontemanha aproveitou a confusão na área do Benfica para tentar o 1-0. A central de circunstância não foi feliz e, logo a seguir, teria o erro que definiu a tarde no Restelo.
Em março de 2023, justamente contra o Benfica, Chandra Davidson atuou pelo Sporting pela derradeira ocasião. Foi para os Países Baixos, para o Fortuna Sittard, e regressou, no mercado de inverno, a Portugal. Bastou-lhe uma oportunidade para cimentar o domínio do lado vermelho de Lisboa na temporada.