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Crónica de Jogo

No equilíbrio de vontades de SC Braga e FC Porto, ganhou o Benfica

Era o encontro mais importante da 25.ª jornada, até pelas implicações para a tabela, e jogou-se para isso: apesar do 0-0, o SC Braga - FC Porto foi um grande duelo, com as duas equipas a olharem para a baliza, oportunidades para os dois lados e a falta de definição a ser o único entrave. Com o empate, o Benfica fica agora com 10 pontos de vantagem. Mesmo longe, venceu a ronda em toda a linha

Lídia Paralta Gomes

HUGO DELGADO/EPA

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Nisto dos campeonatos da regularidade, muitas vezes quem ganha nem sequer está em campo. Ou nas redondezas. Às vezes, está descansadamente a dezenas e dezenas de quilómetros de distância. Porque o verdadeiro vencedor do SC Braga - FC Porto, jogo grande da 25.ª jornada da I Liga e que fez por sê-lo, chama-se Sport Lisboa e Benfica. Longe, em Lisboa, Roger Schmidt terá certamente um meio sorriso na cara, pouco efusivo, como parece ser de seu apanágio, mas com a quase certeza que 10 e 12 pontos de vantagem são muito ponto para abocanhar no que resta do campeonato. Com o empate na Pedreira pode ainda ganhar o Sporting, que, com um jogo a menos, arregalará os olhos com a perspectiva de ainda subir na tabela.

O nulo, diga-se, será a única injustiça deste jogo. E por nulo leia-se a não existência de golos, não o empate em si: no Minho, SC Braga e FC Porto fizeram por confirmar que este já é verdadeiramente um jogo grande e o equilíbrio deu-se por oposição ao que tantas vezes vemos nos estádios portugueses. Ninguém tentou anular-se, o que se viu foram duas equipas a tentarem ganhar, num encontro por vezes caótico e partido, mas intenso e com emoção até final.

Com um FC Porto a entrar em campo a tentar quebrar as linhas da defesa do SC Braga, a primeira oportunidade foi de Taremi, aos 12’, com o iraniano a tentar uma espécie de meio-chapéu a Matheus que saiu ligeiramente ao lado. A resposta chegou pronta: aos 16’, um grande trabalho individual de Bruma estatelou-se na defesa segura de Diogo Costa e dois minutos depois foi Abel Ruiz a testar o titular da seleção nacional, sempre muito atento.

Insatisfeito com o domínio que o FC Porto não conseguia gerar, com um jogo taticamente algo desordenado - mas extremamente entretido -, Sérgio Conceição não demorou a mudar: ainda na 1.ª parte, tirou Rodrigo Conceição e Grujic para lançar Galeno e Eustáquio, procurando ganhar o meio-campo com o canadiano, algo que Steven conseguiu apenas a espaços, também por mérito do rival. Ao intervalo, Conceição fez entrar ainda Zaidu, pedindo um FC Porto diferente, mais confiante e autoritário, que ainda surgiu nos primeiros minutos da 2.ª parte.

MIGUEL RIOPA

Os primeiros momentos foram de pressão intensa e aos 50’ Galeno quase marcava num remate à meia-volta, com Matheus a atirar-se para uma boa defesa. A partir daí, o SC Braga acusou o toque e levou o jogo para a incerteza que já havia dominado os primeiros 45 minutos. O jogo voltou a ficar mais interessante, com momentos de parada e resposta e as duas equipas com os olhos na baliza. Aos 55’, a primeira grande oportunidade para os bracarenses na 2.ª parte surgiu dos pés de Ricardo Horta, a rematar ligeiramente ao lado após uma boa transição ofensiva. Os minhotos foram então a equipa que mais se aproximou da área adversária, mas definiram quase sempre mal.

Mais emoção estava reservada para os derradeiros minutos, já depois de Sérgio Conceição arriscar tudo com a entrada de Namaso e Veron. Aos 86’, Evanilson trocou as voltas a Niakité na área e com tudo para marcar rematou ligeiramente ao lado da baliza de Matheus. Era a melhor oportunidade do FC Porto em todo o jogo, mas o festival dos golos-feitos-falhados não ficaria por aí. Pizzi, acabado de entrar no SC Braga, respondeu já nos descontos, com um toque subtil a tentar enganar Diogo Costa já na área, com a bola a resvalar para a malha lateral. O internacional português que seria protagonista do último e incrível lance do encontro, quando em vez de rematar tentou passar a bola a Banza, quando o estádio já se levantava para festejar o golo.

Logo a seguir, veio o apito final do árbitro, com os jogadores de ambas as equipas exaustos, caídos no chão, talvez pensando nas oportunidades perdidas, nos golos feitos que não entraram, na intensidade permanente que acabou por não dar frutos e que ainda estendeu uma vitória mais do que simbólica ao Benfica.

Sinal de que Braga foi palco e casa de um grande jogo, talvez inglório para as equipas em campo mas competitivo além de equilibrado, ao qual só faltaram golos. Às vezes, um nulo tem em si mais história do que possa parecer e este poderá muito bem definir um campeonato.