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Crónica de Jogo

Ac. Viseu - FC Porto. Francamente nas meias-finais

O FC Porto segue em frente na Taça de Portugal, onde ainda não sofreu golos esta temporada, com uma vitória por 1-0 em casa do Ac. Viseu. Marcou André Franco, num jogo frio como a noite que se fez sentir na Beira Alta

Lídia Paralta Gomes

NUNO ANDRÉ FERREIRA/LUSA

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O passeio que tem sido a caminhada do FC Porto na Taça de Portugal versão 2022/23 acabou em Viseu e isso é o maior elogio que se pode fazer ao Académico de Jorge Costa, que ainda há duas semanas caiu na final four da Taça da Liga precisamente frente ao FC Porto. Na noite fria no Estádio do Fontelo, o futebol não ajudou exatamente a aquecer, cenário, aliás, já prognosticado por Sérgio Conceição, fosse pelo estado do relvado, pelo gélido ar da Beira Alta, daquele que vem pelos ossos e parece explodir nos dentes, ou pelas mudanças que já se previam no onze do campeão nacional e detentor do troféu e que pareceram frenar, aqui e ali, o jogo da equipa.

Depois de vitórias por 6-0, 3-0 e 4-0 na competição, foi mesmo em Viseu que o FC Porto encontrou mais dificuldades, frente a uma formação competente a travar o ataque do poderoso rival uma divisão acima e com olho para transições pela certa. No final, a baliza dos dragões continuou a zeros na prova - e é de assinalar chegar-se a umas meias-finais sem qualquer golo sofrido - e valeu um solitário remate certeiro à baliza para a história continuar.

Um golo que apareceu na altura ideal, se pensarmos nesse conceito de golos em alturas mais ideais que outras. Ideal porque depois de uma 1.ª parte desinteressante, com o mesmo nível de velocidade quanto de criatividade (pouca), protelar a inauguração do marcador seria um previsível berbicacho para o FC Porto. O Ac. Viseu, na verdade, até tinha tido a grande oportunidade de uma primeira metade quase sem balizas: aos 43’, André Clóvis rematou cruzado do lado esquerdo e Jonathan Toro chegou atrasado à emenda. Do FC Porto, para lá de uns fogachos de talento de Pepê mal aproveitados pelos colegas, pouco mais.

NUNO ANDRÉ FERREIRA/LUSA

E o golo, quis o destino, se pensarmos nesse conceito do futebol ser feito de mais ou menos destino, se é que ele existe, seria marcado por um dos jogadores mais apagados da 1.ª parte. André Franco foi aposta de Sérgio Conceição no meio-campo e de Sérgio Conceição muitas indicações ouviu nos primeiros 45 minutos, altura em que o FC Porto, com Bernardo Folha e Namaso também no onze, não parecia carburar. Mas voltando ao golo, mérito para o ex-Estoril, que a um passe-cruzamento à entrada da área de Uribe, aparentemente para Toni Martinez, soube desmarcar-se melhor que o espanhol e desferir um surpreendente e eficaz cabeceamento. E assim, aos 50 minutos, o FC Porto estava em vantagem.

Uma vantagem que geriu sem dominar. Mesmo com a entrada de alguns habituais titulares, a nota artística não subiu, num terreno difícil, mais propício para duelos do que para ballet - Viriato ficaria orgulhoso. Pouco depois do golo de Franco, Namaso permitiu a defesa do esloveno Gril (mas quantos guarda-redes brotam todos os dias da Eslovénia?) após um bom passe de João Mário, num dos poucos momentos de fazer brilhar o olho no ataque do FC Porto em toda a 2.ª parte. E depois disso houve uma espécie de longa espera até ao final do encontro, com Jorge Costa a jogar tudo nos últimos dez minutos, ao colocar Rodrigo Pereira e Labila, como quem quer dar uma abanadela desesperada no ataque mas já com o coração a correr contra o tempo.

Nos últimos minutos, o Académico de Viseu conseguiu por momentos encostar o FC Porto ao seu último terço, sem no entanto criar particular perigo. A equipa da II Liga bateu-se com bravura, faltou-lhe talvez aceleração e um pouco mais de intensidade para assustar verdadeiramente, mas do outro lado estava uma equipa com uma defesa de dente arreganhado nesta Taça de Portugal.

A vitória do FC Porto, apesar de magra, foi assim natural. Nas meias-finais há duelo com o Famalicão.