A entrar na terceira temporada como ciclista da UAE Emirates, João Almeida conversou com a revista “Rouleur”, publicação dedicada ao ciclismo, onde falou dos primeiros anos na modalidade e de como a percepção que lá fora existe do ciclismo português o levou a sair rapidamente do país para apostar numa carreira internacional.
“Há muito caos. Felizmente, quando estava em equipas júnior, tive treinadores com boa mentalidade e o meu objetivo era deixar Portugal o mais rapidamente possível. Foi o que fiz depois dos meus anos de júnior”, revelou o ciclista das Caldas da Rainha, de 25 anos, referindo-se aos vários escândalos e casos de doping que nos últimos anos marcaram o ciclismo português. Em 2017, ainda antes de subir a sénior, Almeida correu na Trevigiani Phonix–Hemus 1896, de licença búlgara, e depois na norte-americana Hagens Berman Axeon.
João Almeida diz que acredita que criou uma reputação “fora de Portugal”, já que o público o conhece de competir nas melhores provas e em equipas do WorldTour, primeiro na Deceuninck-Quick Step, onde se estreou como sénior e logo com a saga de 15 dias de rosa na Volta a Itália de 2020 e um 4.º lugar, e agora na UAE Emirates, ao lado de Tadej Pogacar, equipa com a qual fez pódio em 2023 no Giro: “Apesar de ser português, a minha bandeira não me coloca dentro do caos. Mas para futuros atletas pode ser um problema, estar sempre associado a esse caos”.
O português, que pensa que ainda não atingiu “o pico” de desempenho, frisa que entrou no profissionalismo sabendo que era “um bom ciclista”, mas sem noção se seria capaz de se tornar num atleta para “a classificação geral das grandes voltas”. As boas performances na Volta a Itália, onde venceu uma etapa de montanha há um ano, convenceram-no que sim e para 2024 o desafio será outro: a Volta a França.
“Senti que estava preparado para fazer o Tour e a equipa respeitou isso”, reflete o ciclista, que estará numa super-equipa da UAE Emirates nas estradas gaulesas, ao lado de Tadej Pogacar, Juan Ayuso e Adam Yates, em teoria todos capazes de lutar pela geral. Almeida diz que está definido que Pogacar é o “número um”, até porque é “o ciclista mais forte” do planeta: “Se tiver de puxar o Tadej, vou fazê-lo com um sorriso na cara. É um prazer correr para ele”. Ainda assim, Almeida diz que estará atentou às suas oportunidades na Grande Boucle.
“Estou muito feliz com o curso das coisas e esta temporada quero estar um degrau acima, estar um pouco mais forte. A minha mentalidade é sempre a mesma: pernas. Está tudo nas pernas”.
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