Os ralis são como os chapéus da rábula de Vasco Santana: há muitos. Mas só um é especial, o português, pela dureza e espectacularidade dos troços em terra e pelo público, português e espanhol, que vem assistir à passagem dos concorrentes. A 56ª edição da prova tem três alterações relativamente ao ano passado: uma super especial na Figueira da Foz (sexta-feira ao fim da tarde), um novo troço – Paredes – a disputar no domingo e a passagem da classificativa de Cabeceiras de Basto de sábado para domingo, percorrida uma só vez e em sentido contrário ao habitual.
Quem vai disputar os primeiros lugares? À partida, a formação da Toyota Gazoo, tem algum favoritismo, ou não tivesse três pilotos nos três primeiros lugares do campeonato: Sebastien Ogier e Elfyn Evans têm os mesmos pontos, seguindo-se, com menos um ponto Kalle Rovanpera, vencedor da edição do ano passado. À distância de três pontos deste, o primeiro M-Sport Ford, guiado por alguém que conhece bem a prova portuguesa, o estónio Ott Tanak. E a mais sete pontos, o primeiro Hyundai, conduzido pelo belga Thierry Neuville, outro aficionado do nosso rali. Estão reunidos, portanto, os ingredientes, para uma luta digna de uma final da Liga dos Campeões.
A prova conserva a sua ossatura fundamental: na manhã de quinta-feira dia 11, haverá o habitual shake down (sem incidência na classificação) na pista de Baltar (Paredes) e, ao fim da tarde, uma partida cerimonial em Coimbra. Haverá duplas passagens em Lousã, Góis e Arganil a partir do oito horas de sexta-feira dia 12, a que se seguem, ainda nesse dia, Mortágua e a super especial da Figueira. Sábado será o dia do Marão e da Cabreira: duplas passagens em Amarante, Vieira do Minho e Felgueiras, terminando o dia com a super especial de Lousada. No domingo, um figurino com alterações: a última manhã, inclui os 15 km do novo troço de Paredes, seguindo-se a primeira passagem em Fafe (incluindo os dois famosos saltos e a travessia do asfalto no Confurco) e o troço de Cabeceiras de Basto mas feito ao contrário do habitual. Finalmente, a segundo passagem por Fafe, com estatuto de Power Stage o que pode dar pontos suplementares aos pilotos e equipas disputando o Mundial.
A Toyota chega ao Rali de Portugal com três carros nos três primeiros lugares do campeonato
Paulo Maria / DPPI
Nove dezenas de concorrentes
Este rali, para já, é o que conta com mais inscrições no presente campeonato, da ordem quase das nove dezenas, incluindo pilotos que só disputarão parte da prova, caso dos portugueses que fazem o Nacional de Ralis e dos nossos compatriotas e dos espanhóis que disputam a Taça Ibérica Peugeot.
O 56º Rali de Portugal assenta numa máquina organizativa complexa, responsável pelo reconhecimento, montagem e vigilância das 19 classificativas de uma prova que terá, entre troços e ligações, mais de 1600 km. Haverá 500 comissários (marshalls), 2900 elementos da GNR, 140 km de fitas limitadoras de traçado, 50 km de rede e 15 km de grades metálicas. Uma logística impressionante da qual fazem parte 50 camiões, dois helicópteros, 14 carros de bombeiros e 134 ambulâncias. Uma máquina só possível de montar com o apoio dos municípios envolvidos e das regiões de Turismo do Centro e Norte.
As preocupações ambientais, nomeadamente com a limpeza das zonas com público e a compensação das emissões de dióxido de carbono, continuarão a estar presentes e não são inimigas do retorno trazido por esta prova, estimado pelos seus organizadores em cerca de 155 milhões de euros. O rali será transmitido por TV para 156 países e esperam-se 1,2 milhões de espectadores totais.