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Presidente da FIA foi acusado de sexismo e 'bullying', mas alegações não foram investigadas por parte da entidade

Uma notícia do “The Telegraph” indica que uma antiga secretária-geral interina redigiu uma carta queixando-se do comportamento de Mohammed Ben Sulayem, dando seguimento a outras alegações por parte de atuais e antigos trabalhadores da FIA, que “pintaram um quadro de comportamento errático e de bullying”, por parte do presidente, nos bastidores, o qual não foi alvo de investigação

Expresso

Chris Graythen/Getty

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O presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), Mohammed Ben Sulayem, terá sido acusado, por atuais e antigos trabalhadores da organização, de “sexismo e bullying”. A informação é avançada, em exclusivo, pelo “The Telegraph”, e coloca em causa, também, a própria FIA, que nunca investigou as alegações.

Segundo a investigação citada, Shaila-Ann Rao, antiga secretária-geral interina para o desporto motorizado da FIFA, redigiu uma carta, enviada ao presidente e ao presidente do senado da FIA, enumerando vários casos de comportamento sexista por parte de Ben Sulayem, cidadão dos Emirados Árabes Unidos. Essa queixa terá sido formulada antes da inesperada saída de Shaila-Ann Rao da organização, em dezembro, mas nunca foi investigada.

O “The Telegraph" contactou, também, “vários atuais e antigos membros da FIA”, os quais, lê-se na notícia, “pintaram um quadro de comportamento errático e de bullying”, por parte do presidente, nos bastidores. Tais alegações também nunca foram investigadas.

Ben Sulayem, antigo piloto de ralis, já teve de se defender de acusações semelhantes este ano, depois de virem à luz declarações antigas em que dizia “não gostar de mulheres que se acham mais espertas que os homens”, já que “elas não o são, na verdade”. A FIA respondeu que os comentários “não refletem” as “crenças atuais” do seu presidente.

Fontes ouvidas pela investigação jornalística garantem que Ben Sulayem tratava Shaila-Ann Rao com condescendência, tornando-se mesmo agressivo com ela, particularmente quando esta lhe dizia que não em frente a outras pessoas. A antiga secretária-geral interina terá mesmo sentido-se “humilhada” pelo tratamento que lhe era dado.

Contactada pelo "The Telegraph", a FIA, através de um porta-voz, não comentou as acusações, garantindo que, após a saída de Shaila-Ann Rao, nenhuma das partes fez qualquer queixa ao comité de ética da entidade.

Há, também quem critique o “estilo autocrático de governo” do presidente e a forma “desajeitada” como lida com questões políticas. Motivo de polémica foi a regra que limita a liberdade do discurso dos pilotos na Fórmula 1.

Mohammed Ben Sulayem é o primeiro presidente não europeu nos 117 anos de história da FIA. Descrito como “conservador e antiquado”, os detratores ouvidos pelo “The Telegraph" consideram ainda que o presidente “não gosta de quem se oponha", particularmente quando essa discordância vem de mulheres. A inexistência de investigações por parte da FIA promete marcar a agenda do desporto motorizado nos próximos tempos.