Vai jogar-se uma peladinha com os amigos e lá estão eles. O filho tem um treino numa equipa de formação e lá estão eles. O clube da terra disputa um encontro na distrital e lá estão eles. Sem o mesmo cheiro dos naturais, sem necessidade do uso intensivo de rega, mas com aquelas irritantes bolinhas que entram pelas meias e pelas botas adentro e que, depois, contaminam a casa, quais invasoras.
Os relvados artificiais são uma constante quotidiana, enchem a paisagem e o panorama desportivo nacional e internacional. Em campos onde jogam amadores, onde se divertem meninos e meninas, em academias de formação. Não há exatamente um consenso quanto ao número exato de campos de relva sintética na Europa, mas estudos citados pela Comissão Europeia ou por outras entidades indicam um total entre 40 a 50 mil em todo o continente.
Pois bem, Bruxelas quer que aquilo que está por debaixo das chuteiras mude. Não a relva artificial em si, que ao contrário do que foi noticiado não será proibida ou banida, mas a forma como esta é produzida.
A borracha dos pneus no final da vida útil
A 25 de setembro foram anunciadas uma série de medidas para combater os microplásticos. Estas pequenas partículas de menos de cinco milímetros, não biodegradáveis, prejudicam o meio ambiente e a saúde humana, poluindo ecossistemas e estando ligados a vários efeitos negativos para o organismo. Estima-se que 42.000 toneladas de microplásticos intencionalmente acrescentados a diversos produtos são libertadas no espaço comunitário anualmente, sendo depois ingeridos pelos humanos através da cadeia alimentar, havendo ligações a problemas como um decréscimo na saúde produtiva, cancro ou resistência à insulina.
E o que importa isto para os campos? É que, debaixo da superfície da relva artificial, tapado por aquelas fibras e materiais sintéticos, há, além de areia, um enchimento de borracha vinda de pneus que estão no final da vida útil.
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