Quando chegou ao Olival, Steven Defour tinha na bagagem a fama de futebolista bom de bola. Mas não só. O médio belga, que acabava de trocar o Standard Liège pelo FC Porto, trazia nas entranhas um problema físico que afetava as suas prestações no relvado. Nos testes médicos foi sinalizado um problema odontológico. “Obrigaram-me a usar um aparelho nos dentes durante um mês”, admitiu publicamente em novembro de 2011. “Só o tirava para comer. Mudou a minha vida, nunca mais tive uma lesão e fisicamente sinto-me muito bem.” Foi talvez a primeira vez que um jogador demonstrou por cá a importância da saúde oral na sua profissão.
“Podemos confirmar que realmente identificámos, na altura, um problema que foi devidamente corrigido com efeitos benéficos”, diz à Tribuna Expresso, sem poder entrar em pormenores por questões de privacidade, Nélson Puga, diretor do departamento de saúde dos dragões na secção de futebol. Sobre os casos desta natureza mais recorrentemente identificados, o também médico responsável pela equipa A do FC Porto menciona “as disfunções das articulações temporomandibulares”, por onde passam “estruturas nervosas importantes que podem provocar alterações de tonicidade muscular com assimetrias que afetam o desempenho muscular, favorecendo também a sobrecarga localizada e a ocorrência de lesões”. Isto é, “se houver uma assimetria do sistema nervoso, temos um lado que está menos relaxado do que o outro, o que vai provocar desequilíbrios e problemas. Se um lado está mais tenso, pode desenvolver sobrecargas e patologias nos membros inferiores”.