Depois de mais uma jornada de trabalho na Rádio Jornal 820 AM, o radialista Valério Luiz saiu do edifício onde tantas palavras debitava na Rua C-38, Setor Serrinha, em Goiânia, e encaminhou-se para o seu carro. Estávamos no quinto dia de julho de 2012. Já aterrado no veículo, aproximou-se uma moto com alguém em cima. Estava armado. As balas, seis ou talvez sete, acertaram no corpo do locutor de rádio e roubaram-lhe a vida.
Luiz foi assistido no local pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, mas os ferimentos eram demasiado severos. O radialista morreu no local.
"Eu perdi o meu filho para o futebol", afirmou, dois dias depois, o pai de Valério, o comentador desportivo Manoel de Oliveira, que associava assim o assassinato aos comentários e opiniões do radialista que também tinha presenças na televisão, que muitas vezes visavam a direção de então do Atlético-GO, da cidade. A mulher da vítima, Lorena Nascimento de Oliveira, revelou à Globo que o marido havia recebido ameaças de morte, dizendo que o ia “aposentar” e “acabar com a carreira”.
A polícia começou a admitir, com mais força, a possibilidade de aquela morte ter sido encomendada e que, sim, estaria associada ao trabalho de Valério Luiz. Em fevereiro de 2013, conta o “G1”, o inquérito policial apontou para assassinato foi motivado por críticas do jornalista à gestão do Atlético-GO. Quase um ano e meio depois, a Justiça deu conta de que levaria cinco réus a júri popular.
E eis que chegamos onde estamos. Nas últimas horas, mais de 10 anos depois do crime e depois de quatro adiamentos, Maurício Sampaio, ex-presidente do Atlético-GO e que na altura do crime era o vice-presidente, foi condenado a 16 anos de prisão pela morte de Valério Luiz. À entrada do tribunal, o ex-dirigente disse que estava inocente. O julgamento durou três dias.
Além de Sampaio, a condenação estendeu-se a Ademá Figueredo Aguiar Filho, um polícia acusado de ser o autor dos disparos (16 anos), assim como a Urbano de Carvalho Malta (14 anos), acusado de contratar o homem que disparou contra o carro e corpo de Valério Luiz. Finalmente, Marcus Vinícius Pereira Xavier, um suposto ajudante no plano criminoso, foi condenado a 14 anos de prisão. O quinto elemento, Djalma da Silva, foi absolvido.
“Foram penas medianas. A minha intenção é que peguem o máximo possível. O recurso é uma possibilidade”, afirmou, na sequência da condenação, Valério Luiz Filho, o filho do radialista. “Foram dez anos de trevas, dez anos de muita luta, muito sofrimento. Quero pensar que onde meu pai e meu avô estiverem nesse momento eles estão vendo isso.”