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Novo caso de abuso conhecido no futebol feminino: festa sexual com jogadoras e técnicos em Famalicão denunciada à FPF

Depois das denúncias acerca da conduta do antigo treinador da equipa feminina do Rio Ave, o “Público” revela a existência de uma queixa sobre orgias em Famalicão e também um episódio de desrespeito com ameaças a elementos do plantel feminino da Ovarense

Expresso

Neil Baynes/Getty

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O caso das mensagens impróprias enviadas pelo agora suspenso técnico da equipa feminina do Famalicão a suas jogadoras quando trabalhava no Rio Ave tem vindo a abrir portas a denúncias. O jornal “Público” noticia esta quarta-feira que terá havido uma festa sexual com várias futebolistas do FC Famalicão e membros da equipa técnica, bem como elementos da estrutura do clube minhoto.

A festa em causa terá acontecido em 2021/22 e foi denunciada à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), através do Portal de Denúncia do organismo. Sabe-se que o Conselho de Disciplina já falou com algumas das queixosas, o técnico e testemunhas do ocorrido e, diz o jornal, deve emitir um parecer em breve.

Foi formada uma equipa especial para investigar com caráter de urgência as diferentes denúncias que possam vir a ser feitas. Dessa equipa fazem parte membros da Comissão de Instrução Disciplinar da FPF. Os casos de assédio e abuso sexual de jogadoras de futebol não ficam por aqui e surgirão certamente outras denúncias nos próximos tempos.

Uma antiga jogadora do Famalicão, presente na alegada festa sexual, escreveu na sua denúncia: “Ao ver várias das minhas colegas de profissão denunciar práticas de assédio sexual (…), mas também a conduta negligente dos dirigentes do FC Famalicão, (…) decidi contar o meu caso e esperar que se investigue (…)”. A queixa da atleta refere “uma (…) orgia e práticas de cariz sexual” a envolver – pelo menos – oito jogadoras num apartamento pertencente ao clube.

Os vários casos de assédio no Rio Ave, cometidos pelo mesmo treinador que orientava esta temporada o Famalicão, de que a direção dos minhotos teve conhecimento, caíram em saco roto na altura da contratação. A nova denúncia vem justificar a indiferença dos dirigentes.

A 30 de outubro de 2021, já o “Público” tinha noticiado um caso de assédio na Ovarense, embora na altura sem referir o nome da equipa. Aquela que constituiu uma das primeiras denúncias do género em Portugal foi feita pelas próprias vítimas à FPF, mas também à Polícia Judiciária (PJ). Diz o “Público” que a queixa referia “ameaças físicas e psicológicas, uma tentativa de agressão e total desrespeito da parte dos treinadores, funcionários e dirigentes do clube”.

No caso de Ovar, a jogadora terá sido proibida de utilizar o refeitório das atletas que moravam no recinto sempre que havia convívios da equipa masculina. A atleta terá sido alvo de comentários de cariz sexual de um dos adjuntos. “Conversei diversas vezes com outra atleta que também morava nas instalações sobre o medo de sair do quarto para tentar utilizar a cozinha”, pode ler-se na denúncia.

A jogadora acabaria por deixar o clube. “Como podem calcular, é assustador estar sozinha num lugar que mal conhecemos e ter plena consciência de que, a qualquer momento, podem entrar pelos nossos quartos adentro homens adultos completamente alterados”, diz a futebolista na queixa, referindo-se ao estado de embriaguez a que os elementos da equipa masculina conseguiam chegar nos seus convívios. Refira-se que a jogadora referiu que não tinha chave do seu próprio quarto e chegou a ser ameaçada ao protestar contra os gritos e palavreado vindos da festa.