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No Name Boys e ‘ultras’ croatas combinaram rixa com Super Dragões. PSP preveniu confrontos

Apontadas falhas de segurança em redor do estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Na partilha de informação inicial entre polícias foi identificada a deslocação possível de 500 adeptos croatas para Portugal, incluindo um pequeno grupo de “risco elevado”. O facto de os bilhetes não serem nominais não impediu a sua entrada no estádio

Hugo Franco

Adeptos croatas do Hajduk Split nas bancadas do estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, durate o jogo contra o Vitória a contar para a Liga Conferência

HUGO DELGADO/LUSA

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A claque benfiquista dos No Name Boys, juntamente com os 'ultra' croatas da Torcida Split, combinaram uma rixa com os Super Dragões, claque portista, na última terça-feira à noite no centro do Porto. A notícia avançada pelo "Jornal de Notícias" foi confirmada pela Tribuna Expresso. “Havia vários indícios que sinalizavam essa possibilidade”, diz uma fonte policial.

Logo depois da 'invasão' ao centro histórico de Guimarães que deixou um rasto de destruição, um grupo numeroso de adeptos portugueses e croatas decidiu ir de autocarro para o Porto com a intenção de entrar em confronto com os portistas. Mas uma operação da PSP na VCI, junto ao Porto, obrigou a abortar o plano. Nessa altura, foram identificados 154 adeptos, dos quais 122 de nacionalidade croata, 23 portugueses e os restantes de outras quatro nacionalidades. A forte presença policial, em especial no Porto, terá prevenido os confrontos”, avança a mesma fonte.

A PSP veio a descobrir que os autocarros usados pelos adeptos croatas foram alugados por elementos dos No Name Boys, claque que mantém uma aliança com a Torcida Split desde os anos 90 depois de um acidente de automóvel que vitimou três adeptos do Benfica, depois de um jogo entre as duas equipas na Croácia, em 1994.

A Tribuna Expresso sabe que na partilha inicial de informação entre a PSP e as autoridades croatas foi identificada a deslocação possível de 500 adeptos, entre eles um pequeno grupo considerado de risco elevado. O papel dos spotters croatas foi muito importante a identificar grupos isolados que, pela experiência deles, iam dando a sua avaliação de risco e alertado para os quais devíamos ter atenção”, revela esta fonte.

No entanto, muitos dos croatas viajaram de carro, fugindo ao controlo das polícias portuguesas e croatas, como já foi reconhecido pelo Ministério da Administração Interna.

E tal como o Expresso já revelou, havia também três elementos dos No Name Boys identificados pela PSP impedidos de entrar em estádios de futebol. “Em muitas situações, estes adeptos acabam por ir aos locais onde decorrem os jogos, mesmo não indo ao estádio. Ou porque há fan zones, ou para a festa, ou para a violência. Muitos já perceberam que há falhas no sistema de controlo das interdições e acabam por arriscar. Para os grupos organizados de adeptos, os bilhetes deviam ser nominais”, acrescenta a mesma fonte.

Por outras palavras, é possível que os adeptos croatas e portugueses na lista negra das polícias tenham assistido ao jogo de futebol para a Liga da Conferência, que se realizou no dia seguinte, no estádio D. Afonso Henriques. Jogo em que não faltaram focos de violência no relvado e nas bancadas, bem como um excesso de pirotécnica, não faltando também críticas ao dispositivo de segurança da PSP antes, durante e depois do jogo.

Um repórter de imagem da TVI/CNN viria mesmo a ser agredido por um croata no final do jogo. O "JN" revelou que o croata foi esta quinta-feira condenado a um ano e três de prisão, com pena suspensa, assim como um ano de proibição de entrar em recintos desportivos. Terá ainda de pagar 640 euros de indemnização.