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Eduardo Barroso disse que Bruno de Carvalho estava em “burnout”. Mas o que é afinal o burnout?

Saiba o que caracteriza esta doença, que está associada ao stresse profissional

Mafalda Ganhão

Antonio Pedro Ferreira

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Tristeza, irritabilidade, perda de controlo emocional, alterações comportamentais, dificuldades de concentração ou manifestação de sintomas psicossomáticos (como falta de ar, coração acelerado, entre outros)? Cuidado, pode estar a sofrer de burnout.

A síndrome está associada ao stresse profissional prolongado ou crónico e é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença ocupacional.

Descrita pela primeira vez pelo psicoterapeuta norte-americano Herbert Freudenberger, em 1974, segundo o psiquiatra Pedro Afonso, “poderá ser definida como uma reação emocional crónica caracterizada pela desmotivação, desinteresse, e um mal-estar geral na relação com o trabalho”.

Os diferentes sintomas vão-se manifestando de forma gradual “e muitas vezes impercetível”, acrescenta o médico, que na sua página online explica que este cansaço emocional progride “para sentimentos de inadequação e fracasso com quebra do rendimento laboral, conduzindo a um absentismo e negligência”. Um estado de “exaustão”, que acaba por contaminar a vida pessoal, atingindo o relacionamento do indivíduo com a família e com os amigos. Nomeadamente, acrescenta Pedro Afonso, porque “a falta de concentração, a irritabilidade e a baixa tolerância à frustração tornam-se frequentes, acabando por provocar conflitos nas relações interpessoais”.

Do quadro evolutivo da doença constam ainda o aparecimento de perturbações depressivas e de ansiedade, associadas ou não a outros sintomas, podendo “em situações limites” levar ao suicídio.

Observado com frequência em grupos profissionais como médicos, enfermeiros e professores, o burnout pode ocorrer em qualquer atividade profissional, mas está muito ligado a desempenhos vocacionados “para o apoio permanente e direto na resolução de problemas das pessoas”, diz o psiquiatra.

Entre os fatores de risco associados ao desenvolvimento desta síndrome, Pedro Afonso salienta, “do ponto de vista pessoal, os indivíduos [...] com um idealismo exaltado, altruístas ou com traços obsessivos, que investem e se dedicam demasiadamente no seu trabalho como único meio de gratificação narcísica (ser amado, ser reconhecido)”. Por outro lado, aponta outros fatores, como “a existência de trabalho excessivo, monótono ou pouco gratificante”, “a falta de resultados imediatos”, “a presença de conflitos com as chefias, e a interferência significativa do trabalho na vida familiar”.

O psiquiatra também explica como evitar o burnout. Ajuda melhorar o ambiente de trabalho - em aspetos como o conforto ou a flexibilização de horários - assim como “estimular a divisão de responsabilidades e o planeamento do trabalho por objetivos”. “Estabelecer limites” é muito importante, sublinha.