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A casa às costas

“O que pesou na minha decisão de sair do Sporting foi não perceber o que eles realmente queriam fazer comigo”

“O que pesou na minha decisão de sair do Sporting foi não perceber o que eles realmente queriam fazer comigo”
John Walton - EMPICS/Getty

Bastou um ano n'“Os Amarelos” de Setúbal para Lisandro Semedo chamar a atenção do Sporting, que o foi buscar antes do jovem avançado completar uma década de vida. Apesar dos dez anos seguintes terem sido passados de leão ao peito, quando chegou a hora de assinar contrato profissional o avançado não sentiu ser uma verdadeira aposta do clube de Alvalade e decidiu ir atrás do sonho de jogar na Premier League. Assinou com um clube cipriota para ser emprestado ao Reading, da Inglaterra, mas o sonho depressa deu lugar a devaneios e novas aventuras como vamos poder ler na 2.ª parte deste Casa às Costas

Nasceu em Setúbal. Filho de quem?
Dulce Semedo e Luís Semedo. Os meus pais têm um café no bairro da Bela Vista, onde cresci. Mas o meu pai também fazia muitos trabalhos fora, em França, Itália, Holanda, era estivador. Nasceram ambos em Cabo Verde.

Foi a Cabo Verde quando era criança?
Até há muito pouco tempo só tinha ido mesmo quando era pequeno, a partir do momento em que passei a ir à seleção é que fui mais vezes a Cabo Verde.

Tem irmãos?
Tenho dois irmãos mais velhos. Um 13 anos mais velho e outro 11 anos mais velho.

Como foi crescer num bairro como o da Bela Vista?
Não vou dizer que foi difícil, nem fácil. Como bairro social tem os seus prós e os seus contras, mas não me arrependo de ter crescido lá. Muitas vezes posso ter visto coisas que não são aconselháveis a uma criança, mas acho que também se aprende muito e se calhar quando crescemos damos valor a muita coisa.

A que coisas se refere?
Quando somos crianças não nos apercebemos de certas coisas que passam ao nosso lado, ou não compreendemos bem; não vale a pena esconder, estou a falar de drogas ou algo do género, e mais tarde é que temos a noção do que se passava realmente e do que era.

Qual a sua primeira memória de infância?
Não sei, talvez o meu bairro, o primeiro clube onde comecei a jogar futebol, o campo d'"Os Amarelos".

Deu muitas dores de cabeça aos seus pais?
A única coisa de que a minha mãe se queixa até hoje é de eu ser muito irrequieto. “Era demais", palavras dela. Não parava quieto, só fazia asneiras. Hoje como tenho filhos, assim que algum deles se mexe mais, ela diz logo: “Sai ao pai”. A minha filha é um bocado irrequieta também, e é rápida, então a minha mãe diz sempre: “O teu pai era igual a ti. Era pequenino, mas era rápido, magrinho e tinha mau feito também” [risos]. Mas eu não fazia nada demais.

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