Pelos vistos estava preparado para o final da carreira de jogador no final da segunda época no Nacional, em 2003. Sabia o que queria fazer a seguir?
Deixei andar. A pessoa mais importante no que aconteceu a seguir foi Rui Alves. Ele deu-me carta-branca para fazer tudo. No primeiro ano fui olheiro dele, viajava para o Brasil, Sérvia, para todo o lado para procurar jogadores para o Nacional, com ele. De repente, ele virou-se para mim: "Porque é que não começas a treinar juniores para ver com corre?". Comecei a treinar juniores, no primeiro ano subimos do regional para a liga nacional, juniores. Passado ano e meio, acharam que eu estava preparado para substituir o Carlos Brito na primeira equipa, a três ou quatro jornadas do final da época. A partir daí entrei e saí várias vezes, fui diretor, fui olheiro, fiz muita coisa no Nacional.
Já tinha habilitações como treinador?
No primeiro ano que treinei o Nacional ainda não podia porque só tinha nível 2 e no meu lugar como treinador ia outro com carteira profissional e eu ia como delegado ao jogo. Demorei oito anos para fazer os níveis do curso de treinador. Mas o meu relacionamento com o Rui Alves é muito mais do que eu ser treinador do Nacional. Isto é importante. Porque muitos negócios e muitos jogadores fizemos em conjunto, eu e ele. Eu viajava com ele e na brincadeira dizia-lhe: "Rui, vai lá dormir que eu vou ver jogos, tu não percebes nada disto"; "Mas quem paga?"; "Tu pagas, mas eu vou escolher, calma" [risos].
Nunca se sentiu mal em andar a saltar de treinador para olheiro e vice-versa?
Não. O Rui Alves diz: "Tu nunca foste obcecado por dinheiro. Parecia que era o dinheiro que andava atrás de ti" [risos]. Para mim era mais importante outras coisas. Eu levava os meus filhos todos os dias para a escola, eu ia a todas as competições deles, eu preferia muito mais isto do que ir para não sei onde e ficar sem ver os meus filhos.