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A casa às costas

“Uma vez atrasámos um jogo 10 minutos porque o Augusto Inácio mandou benzer duas camisolas na igreja e o motorista ficou preso no trânsito”

Conversar com Predrag Jokanovic é como abrir um livro de histórias, quase todas bem divertidas, algumas impublicáveis. O sérvio, que se apaixonou pela Madeira há 30 anos, onde aterrou para jogar no União, faz-nos uma visita guiada aos momentos mais marcantes da sua vida de jogador e de treinador, onde revela episódios caricatos num português ainda carregado de sotaque, mas que lhe dá uma graça única. Joka, como é carinhosamente tratado, jogou nos três maiores clubes madeirenses depois do início de carreira, na antiga Jugoslávia. E na II parte deste Casa às Costas, no domingo, falaremos sobre o papel de treinador, o que faz agora, os filhos e o futebol, que continua a ser uma paixão

Alexandra Simões de Abreu

D.R.

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Nasceu mesmo em Belgrado?
Não, nasci em Banja Luka, na antiga Jugoslávia. Quando cheguei a Portugal em 1993/94, tinha passaporte jugoslavo. Tenho uma história engraçada sobre o passaporte. Quando estava no União da Madeira, fomos ao Brasil fazer a pré-temporada, eu e os outros jugoslavos da equipa entrámos com o passaporte jugoslavo, sem visto, sem nada, tranquilamente. Os jogadores portugueses, que são irmãos do Brasil, tinham de ter visto e esperaram uma hora para entrar. Ninguém acreditava [risos].

É filho de quem?
A minha mãe trabalhava numa tabacaria e o meu pai era diretor técnico numa fábrica. Como ele tinha de acompanhar os trabalhadores em cidades diferentes, até aos 12 anos fui saltando de cidade em cidade, incluindo Sarajevo, porque a família acompanhava-o sempre. Quando ele teve direito a um apartamento da empresa, em Belgrado, a partir daí, vivemos sempre em Belgrado.

Tem irmãos?
Tenho um irmão mais novo, que trabalha na Alemanha e trabalhou muitos anos em cruzeiros. Ele jogava muito mais do que eu, mas largou o futebol porque dizia que não dava para sair à noite e divertir-se com os amigos. Mas jogava muito mais do que eu. Verdade. [risos]

Qual a sua primeira memória de infância?
A primeira coisa que me lembro é de mudar muitas vezes de escola, no início da infância. Lembro-me das mudanças de cidade e de escola, e de jogar sempre à bola na escola.

Gostava da escola?
Sim, fui bom aluno até ao 12.º ano. Tinha notas excelentes. Gostava de tudo, mas adorava e ainda adoro História.

Deu muitas dores de cabeça quando era miúdo?
Não. Era tranquilo, o meu irmão deu mais dores de cabeça. Os meus filhos também são parecidos comigo, nunca me deram problemas. Eu só ia à escola e treinava futebol, por isso não fazia noitadas nem dava problemas.

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