Nasceu em Vila do Conde. Filho de quem?
Já não tenho pai, tenho mãe. O meu pai, António Ramos e a minha mãe Maria Alice são de uma família muito humilde. O meu pai começou na construção civil como trolha e mais tarde começou a trabalhar por conta própria. A minha mãe trabalhou numa fábrica têxtil, até ficar como doméstica. Somos três rapazes, sou o mais velho. Todos jogámos futebol até por influência do meu pai, que foi guarda-redes amador. Ainda joguei com o meu irmão do meio, o Ricardo, três anos mais novo que eu. O Rui, o mais novo, tem menos 10 anos que eu.
Foi uma criança tranquila ou os três rapazes deram muitas dores de cabeça aos pais?
Acho que não se podem queixar muito. Eu era traquina q.b. Saía logo de manhã para ir jogar à bola com os colegas e ficava até ao limite, ou seja, até a minha mãe ralhar comigo para voltar para casa.
Gostava da escola?
Gostava, sempre fui bom aluno e respeitei a escola. Mas claro que todos os períodos do dia em que podia fugir ao contexto escolar eram passados com os colegas da rua, na rua, a brincar. Lembro-me de uma vez ter ido jogar num campo meio de areia, que ficava perto da minha casa e vim de lá a sangrar, com um pé aberto, porque jogávamos descalços e eu acabei por cortar-me num bocado de tijolo. Foi um trinta e um, queriam levar-me para o hospital e eu não queria [risos]. Faz parte.
O que queria ser quando fosse grande?
Sempre disse gostar de ser jogador de futebol. Pelo menos é o que a minha mãe diz.
Lá em casa torcia-se porque clube?
A maioria da família era portista, mas o meu clube de coração é o Rio Ave.