Perfil

A casa às costas

“Enquanto guarda-redes, nas Ilhas Faroé trabalhei numa cozinha e na Noruega cheguei a servir à mesa. Mas também treinei equipas de formação”

Rafael Veloso, 29 anos, joga fora de Portugal há sete anos. Saiu para um clube da IV divisão da Noruega, jogou na I liga islandesa, experimentou o futebol das Ilhas Faroé e voltou à Noruega, onde defende agora a baliza de um clube da II divisão. Completamente adaptado, confessa que não lhe passa pela cabeça regressar a Portugal, até porque atingiu um nível de vida que nunca teve antes. Nesta segunda parte do Casa às Costas conta várias aventuras que viveu nos países nórdicos e que vão desde viagens de barco de três horas, sempre a vomitar, para ir jogar, até um episódio que protagonizou, com “peixe estragado”, e que foi parar ao jornal local

Alexandra Simões de Abreu

D.R.

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Como surgiu a hipótese de jogar na Noruega, num clube da IV divisão, o Valdres?
Falei como Sá Pinto mais uma vez. Ia falando sempre com ele. Só posso estar agradecido por tudo o que tentou ajudar-me. Ainda fui à experiência ao Peterborough, que estava na League One da Inglaterra. Não fiquei e surgiu logo de seguida a hipótese de vir para a Noruega. Confesso que não sabia nada sobre o futebol norueguês. Em Portugal joga-se de agosto até maio, mais coisa menos coisa, na Noruega a época vai de abril a novembro. Estavam a começar a época e decidi vir. Não me arrependo.

Quando foi para Inglaterra pela segunda vez à experiência e não quiseram ficar consigo, sentia que falhava em alguma coisa ou que eram apenas as circunstâncias?
O mundo do futebol acaba por ser ingrato. Para certos treinadores tu és muito bom e para outros não és bom o suficiente, cada um tem os seus gostos ou procura certas coisas específicas num guarda-redes. Nunca me deixei ir abaixo. Sempre tive a atitude de "Ok, não deu. Tentei. Vamos em frente".

Nunca lhe deram explicações?
No futebol não há tempo para apresentar razões, é muito direto, é sim e não, se é, sim, “vamos tratar”, se é não “boa sorte e tudo a correr bem”. É a minha maneira de ver o mundo do futebol, não há tempo para grandes explicações [risos].

Antes de passarmos para estes últimos anos no estrangeiro, de todos os treinadores de guarda-redes que teve em Portugal, qual o melhor?
Sempre gostei muito do Fernando Ferreira, na formação do Sporting, na parte final trabalhei com o Hugo Oliveira na seleção, que também me ajudou bastante.

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