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A casa às costas

“A guerra da Ucrânia tinha começado e uma noite ouvimos coisas a rebentar. Assustados, fomos à varanda. Era a festa do centenário do clube”

Joel Vieira Pereira, 26 anos, foi campeão da Polónia pelo Lech Poznan na época passada. Até lá chegar passou pelo Chipre, quando saiu a primeira vez de Portugal, onde, garante, nunca teve ordenados em atraso nem se apercebeu de jogos combinados. Estreou-se na I Liga portuguesa apenas em 2020/21, no Gil Vicente, clube onde gostava de ter ficado a trabalhar com Ricardo Soares se não tivesse uma oferta irrecusável, da Polónia. Nesta parte II da entrevista, confessa que o momento mais difícil que viveu foi a morte da avó, da qual ficou a saber através de uma publicação no Facebook

Alexandra Simões de Abreu

SOPA Images

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Quando o empresário lhe falou na hipótese do Doxa, no Chipre, qual foi a sua reação?
Não era bem o que eu queria, mas era um clube no estrangeiro como eu ambicionava e dava-me muito mais dinheiro do que me ofereciam em Portugal.

Quanto mais?
Quase o triplo. Optei por ir, embora se calhar não fosse a melhor opção porque tinha muitos clubes da II Liga e da I Liga que mostraram interesse em mim.

Que clubes da I Liga mostraram interesse?
O Santa Clara fez proposta oficial, mas eu já tinha dado a palavra ao Doxa. O Boavista nunca chegou a fazer proposta oficial, mas conversámos.

A sua namorada gostou da ideia de ir para o Chipre?
Ela vive os meus sonhos também, apoia-me sempre em tudo, por isso é que estamos há tanto tempo juntos e as coisas correm tão bem. Ela disse: “Vamos em frente. Se tu vais eu também vou”.

Que ideia é que tinha do Chipre e como foi na realidade?
O pré-Chipre foi mau porque toda a gente que me ligava dizia que eu fazia a maior burrice da minha carreira, falavam mal do Chipre, por causa de salários em atraso, jogos combinados, diziam tudo e mais alguma coisa para eu não ir ou para me abrir os olhos, não sei. Mas o que posso dizer do Chipre e dos anos que estive lá é que foi incrível. Uma ilha fantástica, um clube certinho, que nunca me faltou com nada, só posso dizer maravilhas. A minha namorada adorou também. Se não se souber separar bem as coisas, não dá para misturar férias com ser jogador de futebol, mas felizmente consegui separar bem e foi um ano e meio muito bom. Embora, quando lá cheguei, ainda nos assustámos.

Então porquê?
Disseram-nos que íamos para um hotel e, quando chegámos, meteram-nos num apartamento muito antigo e ficámos logo assustados. Falei com o meu empresário, ele resolveu, meteram-nos num hotel, mas o hotel ficava numa rua com prédios destruídos e antigos. Mas depois tudo se resolveu bem, fomos para a casa certa e o sítio certo.

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  • “Sempre quis ser futebolista, mas houve uma fase em que queria ser cantor, porque tinha uns tios que eram cantores de música pimba”
    A casa às costas

    Joel Vieira Pereira começou por fazer montinhos de areia dentro de campo, mas depressa ganhou entusiasmo pelo jogo e decidiu querer ser jogador de futebol, ainda que pelo meio tenha sonhado ser cantor pimba, como os tios. Aos dez anos foi operado a um osso “extra” que lhe nasceu no perónio e foi no hospital, sob o efeito da anestesia, que soube do interesse do FC Porto. Após seis anos na formação do Dragão, preferiu ir para o V. Guimarães onde assinou o primeiro contrato profissional. Saiu para o Académico de Viseu, com o objetivo de jogar mais e mostrar-se, mas seguiu percurso no estrangeiro, período sobre o qual falamos na segunda parte deste Casa às Costas