Nasceu na Guiné-Bissau. O que faziam os seus pais profissionalmente?
O meu pai trabalhava na área de planeamento urbanístico e a minha mãe era professora do ensino básico.
Tem irmãos?
Sim, ao todo somos seis. Eu sou o mais novo. Quatro irmãos são do primeiro casamento da minha mãe, a minha irmã e eu é que somos filhos do mesmo pai, do último casamento que ela teve.
Que recordações tem da sua infância na Guiné?
Pouca coisa. Do que me lembro é de andar a correr e a jogar à bola, tenho alguns flashes, pouco mais. Também me lembro de ter sido atropelado [risos]. Foi pelo Natal, a altura mais movimentada, em que há mais carros na rua, eu era miúdo, desobedeci às regras de ficar perto de casa, fui para outra zona e fui colhido por um carro. Estive no hospital, mas não foi nada de grave. Só que, claro, já não me deixaram sair mais de casa na altura [risos].
Veio para Portugal com nove anos. Em que contexto?
A minha mãe veio primeiro, sozinha. Tínhamos um ou outro familiar em Portugal e como a situação na Guiné já não era a melhor, ela decidiu vir tentar melhorar a vida. Eu fiquei com uma tia que já faleceu. Depois veio o meu pai e quase logo a seguir eu e a minha irmã, porque éramos os mais pequeninos. Costumo dizer que sou um sortudo, porque chegámos uns meses antes de rebentar a guerra de 1998.
Os seus irmãos ficaram na Guiné durante a guerra?
Sim, mas todos ficaram bem. Aliás, praticamente todos acabaram por sair para a Europa, só houve um que foi para Marrocos, onde se formou, voltou na para a Guiné e trabalha num banco, tem uma vida estável.