Perfil

A casa às costas

“O Mourinho tem uma arrogância muito positiva que faz falta a muitos portugueses. A meritocracia desapareceu do dicionário”

João Janeiro, 41 anos, não é um nome conhecido em Portugal, apesar de, como treinador-adjunto e principal, ter quatro títulos, três promoções e três idas à Europa no currículo. Formado em aeronáutica, foi navegador aéreo e trabalhou em aviões de algumas figuras públicas, como Roberto Mancini e Felipe Massa. Em simultâneo, dedicou-se ao estudo do futebol, em diferentes vertentes, tendo mais de 60 formações tiradas em Portugal e no estrangeiro. Começou como analista de Marcelo Bielsa e foi adjunto de Van der Gaag, no Belenenses, antes de partir para os EUA onde iniciou o percurso de treinador principal. Na I parte deste Casa às Costas revela ainda a visão de quem voltou a viver em Portugal, após vários anos fora

Alexandra Simões de Abreu

NUNO FOX

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Nasceu em Lisboa. Comece por apresentar a família.
O meu pai era chefe de técnicos de manutenção de aviões da TAP e a minha mãe hospedeira, quando se conheceram. Tenho um irmão e uma irmã mais velhos. Os meus pais costumam dizer que somos olímpicos, porque de quatro em quatro anos nasceu um.

A infância foi tranquila?
Eu era reguila, mas gostava sobretudo de jogar à bola na escola e na rua. Joguei futsal federado, tinha 12 anos, no Recreativo da Buraca. Os meus pais eram de Caselas, no Restelo, mas também tinham casa na Amadora. Os meus avós viviam em Caselas e muitas vezes ficávamos com eles, porque os meus pais iam trabalhar. Os meus irmãos frequentaram o Colégio S. José e eu a Quinta das Palmeiras.

Jogou futsal quanto tempo?
Apenas ano e meio porque tive uma lesão gravíssima num braço. Caí no cimento e parti o pulso, o rádio, o cotovelo e desloquei o ombro. Tive de usar ferros e passado dois ou três anos tirei-os, mas fiquei sem um dos ossos do antebraço. Ainda joguei futebol 11, como amador, no INATEL, CDUL, etc., até que desisti no Torreense, porque estava a estudar e ainda era longe de casa.

Em que posição jogava?
No futsal era avançado e fiz 62 golos numa época. Em futebol fui extremo e depois recuei para lateral direito. Eu tinha um prazer enorme em jogar futebol, mas na altura já tinha a mania que treinava, mesmo com os colegas, a jogar na rua. Nunca disse que queria ser jogador de futebol, até porque em termos familiares sabia que seria muito difícil, a nossa educação sempre foi mais focada para o estudo. Se eu tivesse uma qualidade extraordinária a jogar futebol teria investido, mas na verdade, não tinha. Tinha de facto muita vontade e raça, dava muita ‘porrada’, mas vi que não era por ali.

Torcia por algum clube ia ver jogos, tinha ídolos?
Desde pequeno, por uma questão de proximidade e influência, sempre gostei do Belenenses e foi o clube onde vi mais jogos de futebol.

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