Quando lhe falaram na hipótese de jogar na Roménia, para o CFR Cluj, como reagiu?
Fiquei um pouco de pé atrás e a pensar que se calhar não era aquilo que queria.
Que imagem tinha da Roménia?
Não tinha [risos]. Mas percebi que tinha ido para lá o Jorge Costa como treinador e a equipa tinha alguns portugueses, comecei a pesquisar e a olhar para os aspetos positivos. Podia jogar a Liga dos Campeões, acreditei que podia ser uma boa porta para outros voos na carreira. Pesou muito o facto de o treinador ser português, ter lá jogadores portugueses e brasileiros que tinham passado pelo campeonato português.
Quando chegou a Cluj, quais foram as primeiras impressões?
[Risos] Queria voltar para casa.
Porquê?
Cheguei à noite, não havia muitas luzes, ao contrário do que aconteceu quando cheguei a Portugal com cinco anos. Quando sais do aeroporto em direção a Cluj é tudo muito antigo. Mas cheguei ao clube, vi as condições do clube, as pessoas receberam-me bem e tudo isso ajudou. Fiquei a viver no hotel do clube, sozinho, mas onde estavam outros portugueses.
Como foi o primeiro treino?
Notei uma maior qualidade em relação ao que estava habituado. Havia muitos jogadores internacionais, os melhores romenos da altura eram do Cluj, era um clube estruturado para ser campeão e tinha os melhores. Eu tinha saído de uma II Liga, de um clube com miúdos com muita qualidade, mas que não estavam ainda preparados.
Já sabia falar inglês?
Alguma coisa, mas no clube quase só falávamos português. O treinador era português, e dava palestras em português ou em inglês, eles traduziam para romeno. Alguns romenos já sabiam falar alguma coisa de português, porque há muitas parecenças.
O que achou do Jorge Costa como treinador?
Eu tinha uma imagem totalmente diferente dele. Estava habituado a ver o Jorge Costa como jogador e capitão, aquele centralão vigoroso, comandante, agressivo no bom sentido. Depois vejo ali uma pessoa calma, tranquila, até te perguntas se é o mesmo [risos]. Como treinador tinha métodos muito bons. Em termos do pacote completo, lado humano, técnico, tático, foi talvez um dos que mais gostei.
E o futebol na Roménia?
Têm equipas muito boas, como o Steaua e o Rapid, que têm nome na Europa. O campeonato é competitivo. Não pagavam mal.
Não jogou muito. Porquê?
Tive uma lesão gravíssima. Cheguei ao clube em setembro, o campeonato já tinha seis ou sete jornadas, a equipa estava bem e eu tinha de ganhar o meu espaço. Quando comecei a ganhar o meu espaço, fiz uma rotura de ligamentos cruzados, num treino, em fevereiro. O Jorge Costa falou logo com o Dr. Noronha e eu vim para o Porto para ser visto por ele. Na Roménia os médicos não sabiam o que eu tinha e disseram aos meus colegas que eu estava praticamente acabado para o futebol [risos]. Mas o Dr. Noronha fez a ressonância, viu o que era e fui operado na mesma tarde. Depois, fiz a recuperação em Lisboa, na Fisiogaspar.