Nasceu em Lisboa. Comece por apresentar a família.
Sou filho de dois cabo-verdianos, Moisés Moreira e Emília Barros. A minha mãe era empregada doméstica e o meu pai sempre foi cabeleireiro, até hoje. Tenho um irmão mais velho três anos, o Nelson, e da parte do pai ainda tenho duas irmãs mais novas. Os meus pais separaram-se eu tinha 11 anos, mas sempre se deram bem, são amigos até hoje, consigo tê-los juntos em videochamadas.
Cresceu onde?
Sou do bairro Casal dos Machados, entre Moscavide e os Olivais.
Deu muitas dores de cabeça em casa?
Não, eu era o calminho, o meu irmão é que era o líder da festa [risos].
Gostava da escola?
Eu era bom estudante, mas depois comecei a ter interesse pelo futebol e chegou aquele momento em que nos afastamos dos estudos. Mas a minha mãe diz que eu gostava da escola.
O que queria ser quando fosse grande?
Bombeiro [risos]. Sempre tive essa panca, mas não faço a mínima ideia de onde surgiu, se foi de algum brinquedo ou desenho animado.
Recorda-se como e quando surgiu o interesse pelo futebol?
Na verdade, não tinha muito interesse pelo futebol. O meu irmão jogava no Olivais e Moscavide, estava perto de ficar no Sporting, e ele é que disse para eu ir com ele treinar nas escolinhas do Sporting. Fui, fiz uns treinos e gostaram. Mas não tinha possibilidades de ir para lá, era muito complicado, era pequeno, o dinheiro não abundava e os treinos do meu irmão eram a horas diferentes das minhas. Devia ter uns nove ou dez anos. No ano seguinte o meu irmão regressou ao Olivais e Moscavide e mais uma vez veio chatear-me: "O meu amigo é treinador dos infantis e quer ver-te". Lá fui às captações e foi aí que começou o meu percurso.
Antes disso jogava apenas no recreio e no bairro?
No bairro havia uns torneios de futebol de salão e era pelo futebol de salão que eu tinha verdadeiro interesse naquela idade. Jogávamos muito futebol de salão, era isso que me mantinha ligado ao futebol. Foi o meu irmão que me levou para o futebol de 11.
Torcia por algum clube?
A minha mãe diz que era por todos, era pelo que ganhava [risos].
Tinha ídolos?
Sempre tive um, o Ronaldo, o Fenómeno.
O que mais guarda na memória da vida no bairro?
A amizade e a paz. Ainda tenho os mesmos amigos de infância e estamos em contacto permanente, o que é muito bom.