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A casa às costas

“Tive um treinador na Alemanha que nos obrigava a correr uma hora na floresta e no fim só dava uma garrafa de água, a dividir por todos”

Os quatro anos passados no Wolfsburg não deixaram boas memórias desportivas a Alex, antigo jogador do V. Guimarães e Benfica, mas as saudades da Alemanha e de um certo estilo de vida continuam bem presentes. Das extravagâncias faz parte um Lamborghini Gallardo e da passagem de jogador a treinador ainda hoje recorda os momentos complicados que viveu em Viseu, onde chegou a não ter água nos treinos. Foi adjunto de Jaime Pacheco no Zamalek e do Egipto também conta historias. Hoje, após ter sido derrotado nas eleições para a presidência do Vitória, só pensa em voltar a treinar. Esta entrevista, que agora republicamos, foi das mais lidas da Tribuna Expresso em 2022

Alexandra Simões de Abreu

RUI DUARTE SILVA

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Foi sozinho para a Alemanha?
Sim. Mais adiante o meu irmão e um amigo foram viver comigo.

Como foi o primeiro impacto no Wolfsburg?
Cheguei com grande moral porque vinha de um clube como o Benfica e da seleção nacional. Trataram-me muito bem. Mas uma realidade completamente diferente da nossa.

Explique lá isso.
Enquanto em Portugal tínhamos tudo e mais alguma coisa, lá o jogador tinha de cuidar das suas próprias botas, tinha de carregar o material dos jogos... Não é que não respeitássemos os roupeiros ou os massagistas em Portugal, mas era uma forma de estar diferente. Ali um jogador de futebol era praticamente um funcionário de uma empresa, tratado da mesma forma que todos os outros funcionários do clube. Rapidamente apercebi-me que tinha de ser muito independente e de fazer as coisas porque ninguém iria fazer por mim; uma exigência tremenda naquilo que era o dia a dia. Uma metodologia de treino completamente diferente da nossa.

Em que aspeto?
Corríamos muito na floresta, de sapatilhas. Muitos testes físicos, um jogo muito mais de contacto, pouca estratégia, muitos duelos. Apanhei treinadores muito difíceis.

Qual deles foi o mais complicado?
À cabeça, disparado, o Felix Magath. No primeiro ano tive um treinador desconhecido [Holger Fach], mas no segundo ano apanhei o Klaus Augenthaler, que fora um central do Bayern Munique, uma referência na Alemanha. No segundo ano ainda joguei com ele, mas depois tive alguns problemas.

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