Foi para o Lyon, na França, em 2019/20. Gostou dos franceses?
Os franceses não são fixes, mas as minhas colegas eram. Éramos muitas internacionais no clube e foi muito bem recebida, por todas.
Ficou a viver sozinha?
Fui para lá com o meu namorado, mas acabámos passados dois meses e fiquei sozinha.
Sabia falar francês?
Não, detestava o francês, mas aprendi.
As condições do Lyon eram muito superiores às que teve no Levante, na Espanha?
Sim, tanto ao nível de relvados, como balneário, a própria dinâmica do clube era diferente. Senti-me ainda mais jogadora, só o facto de treinar diariamente num relvado era do outro mundo. No Lyon tínhamos um cozinheiro só para nós, para as equipas profissionais masculinas e femininas. Nós comíamos muito perto dos homens, havia uma interação incrível, depois havia uma cozinha só para as equipas de formação. E depois tinha um salário que nunca tinha tido até então.
O futebol na França é muito diferente do espanhol e do português?
Sem dúvida. Para já há muito mais competitividade. E não falo só do futebol ou do campeonato. A equipa por si só é super competitiva, muito evoluída e isso puxou por mim, tornei-me muito melhor jogadora, através do treino, porque no primeiro ano efetivamente não joguei quase nada.
Custava-lhe muito ficar no banco?
Custava-me mais quando eu percebia que o treinador podia ter apostado mais em mim. A direção do Lyon e a equipa técnica mudaram e o treinador que me quis lá foi embora. Sabia que ia ter mais dificuldade. Mas estava feliz porque sentia que evoluía enquanto jogadora. Eu chegava à seleção e sentia-me uma jogadora completamente diferente, muito mais rápida, mais inteligente.
A equipa técnica da seleção reconhecia-lhe essa evolução?
A equipa técnica e as minhas colegas. Eu gostava de treinar contra a Matilde Fidalgo que era mais rápida e de repente eu estou a dar arrancadas e a Matilde não me apanhava. Eu jogava contra a Ana Borges, que é lateral, e de repente era muito superior a ela. Eu conseguia perceber que, mesmo sem estar a jogar no Lyon, estava a evoluir e isso dava-me uma motivação extra. E o facto de estar com aquelas jogadoras e sentir o apoio delas, para mim era fantástico, porque elas percebiam ser doloroso para mim estar ali e o treinador não me dar oportunidade. Era uma opção dele. Mas senti que crescia e que mais tarde ou mais cedo ele ia ter de reconhecer.