Perfil

A casa às costas

“Treinador com o meu feitio não dá. Não gosto de rodeios, nem de mentiras, não papo grupos e o mundo do futebol é um mundo filho da mãe”

Fábio Felício, de 40 anos, ainda experimentou ser treinador após deixar os relvados, mas acabou por dedicar-se ao futevólei, modalidade que pratica na terra que o viu nascer, Faro. Nesta segunda parte da entrevista, o ex-extremo conta vários episódios dos anos em que jogou na Real Sociedad, de Espanha, na Rússia e na Grécia, antes de regressar a solo português, onde jogou até aos 35 anos. Casado e pai de dois filhos, confessa que a única frustração que tem na carreira é não ter conseguido jogar na Liga dos Campeões

Alexandra Simões de Abreu

FILIPE FARINHA / STILLS

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Receberam-no bem no balneário da Real Sociedad?
Sim, gente boa. Apanhei jogadores de topo. Como costumo dizer, os craques são os mais simples, os outros é que têm a mania que são craques.

Com quem fez maior amizade?
Com o Xabi Prieto, o Claudio Bravo, que ia sempre comigo para o treino porque vivíamos no mesmo condomínio, e com o Darko Kovacevic. O Darko vinha de lesão, super gente boa, sempre preocupado, sempre prestável, gostei muito dele.

Nunca foi vítima de xenofobia da parte dos jogadores espanhóis?
O facto dos bascos falarem um idioma diferente do espanhol, o euskera, quando cheguei percebi que às vezes eles falavam entre eles nessa língua para nós não percebermos. Por vezes entrava no balneário e estavam a falar em euskera, e claro que isso não é bom porque se podem falar espanhol porque é que estão a falar na língua deles? Mas tirando isso…

O futebol era o que esperava?
Sim. Um futebol muito intenso, muito rápido, uma qualidade diferente da nossa liga. A bola nos treinos quase nunca saía fora. Quando tens qualidade, a bola não anda no ar, nem na bancada, é sempre redondinha e faz muita diferença no jogo [risos].

Como foi jogar com grandes equipas, como o Real Madrid, Atlético, Barcelona?
Foi top. Tive oportunidade de jogar no Santiago Bernabéu, foi um dos sonhos que concretizei, e jogar ao lado do David Beckham, é algo que não vou esquecer. O Beckham era um craque e uma figura mundialmente conhecida e ter oportunidade de jogar ao lado dele, não é para todos [risos]. Há um episódio curioso: quando cheguei, o diretor do clube foi buscar-me e ao meu empresário ao aeroporto de Bilbau, e quando estávamos a chegar a San Sebastian, ao hotel, vejo à porta do hotel uns 40 jornalistas e fotógrafos, virei-me para ele e digo: "Então, vai chegar aí o Ronaldinho?!". Começou toda a gente que estava no carro a rir: "Não, é mesmo para ti" [risos]. Não estava à espera daquela receção, foi engraçado.

Lembra-se de mais algum episódio ou jogo marcante dessa época na Real Sociedad?
Lembro-me de um jogo em que jogava o último contra o penúltimo, em San Sebastian, e estavam “só” 25 mil pessoas na bancada. Isto diz tudo sobre o que é a liga espanhola.

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