Nasceu no Leme, interior de São Paulo. Qual é a sua primeira memória de infância?
O apartamento onde morava no Brasil, em Campinas, e jogar à bola com os meus amigos.
O que faziam os seus pais?
O meu pai, Luís Eduardo, era chefe de armazém de uma grande marca de pneus, em São Paulo. Uma das lembranças que tenho é do meu pai acordar muito cedo, sair de casa e só voltar à noite. Quando ele chegava, por volta das sete e quarenta e cinco da noite, eu tinha de estar de banho tomado, pronto para ir jantar. Sempre. Às vezes, eu estava a jogar à bola na rua e era uma correria na hora em que eu via o autocarro dele chegar. Corria para casa para tomar banho rápido, para estar pronto [risos]. A minha mãe, Marta Elisa, ficou comigo em casa e com o meu irmão, Fábio, três anos mais novo, que é hoje advogado, tributarista. Mais à frente, a minha mãe foi trabalhar na escola onde eu estudei até aos 16, 17 anos.
Em que trabalhava a sua mãe?
Era professora de ensino religioso, depois foi coordenadora de pastoral.
Quando era criança e jogava à bola na rua, já escolhia a baliza?
Não, o futebol de rua não tinha muita posição, era livre, às vezes tinha guarda-redes, às vezes não tinha.
Tinha ídolos ou algum clube pelo qual torcia?
Grande parte da minha família era adepta do Corinthians e eu gostava muito do guarda-redes deles, da altura, o Ronaldo. Era um pouco fantasista, espalhafatoso e quando eu ia para a baliza brincar, sentia-me o Ronaldo.
Gostava da escola?
Não, odiava. Mas em casa tinha o acordo que para jogar futebol tinha de ir bem na escola, senão a minha mãe não me deixava ir aos treinos. A minha mãe teve várias brigas com os treinadores porque eles queriam que eu fosse treinar e ela dizia que não, batia o pé e não me deixava treinar. Depois vinha o meu pai e amaciava as coisas. Os treinadores diziam que a minha mãe era “louca”, porque eu ia ser jogador de futebol e que não precisava de estudar. Mas a minha mãe: “Não, ele vai estudar”. Minha mãe, mais do que o meu pai, sempre foi muito incisiva nos estudos.