Perfil

A casa às costas

“Sofri um acidente na Turquia. Saí do carro meio estonteado, deitei-me no chão. O Sural foi projetado e perdeu a vida. Eu não fiquei ferido”

Djalma Campos, de 35 anos, jogou seis anos na Turquia em quatro clubes diferentes. Um dos piores momentos foi quando era um dos passageiros de uma carrinha que se despistou, provocando a morte a um colega. Foi na Grécia que conseguiu conquistar uma Taça, ao serviço do PAOK. Pai de três rapazes, confessa que Jorge Costa foi o pior treinador que teve e que após pendurar as botas quer continuar ligado ao futebol, mas não como técnico. Detentor de uma marca de roupa própria, avisa que está no Trofense também para ajudar a enquadrar os mais novos.

Alexandra Simões de Abreu

RUI DUARTE SILVA

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Saiu do FC Porto para o Kasimpasa, da Turquia. Não tinha outras opções da I Liga em Portugal ou de outros campeonatos?
Eu não queria permanecer na Liga, não queria fazer o percurso inverso, uma vez que já tinha subido a campeão nacional, não queria ter outra situação em Portugal. Tive uma proposta da França mas optei pela Turquia. A nível financeiro o Kasimpasa também oferecia melhores condições.

Quando chegou a Istambul qual foi a primeira sensação?
Que tinha sido aldrabado pelos media.

Como assim?
Porque pensava que ia para um sítio que não tinha nada, que só ia ver gente tapada e uma cultura muito fechada e quando cheguei não era nada disso. Istambul é uma cidade fantástica, ativa, com muita gente e pessoas acolhedoras. As notícias que eu via na altura falava-se na guerra com a Síria, e era a milhares de quilómetros, em Istambul não se sentia nada, nem em outras cidades. Fiquei surpreendido pela positiva, gostei muito.

O clube também o surpreendeu pela positiva ou sentiu que desceu uns patamares?
Ao nível da exigência, sim, desci uns patamares, as pessoas não tinham a mesma exigência. A liga era diferente, um futebol mais aberto, os estádios sempre cheios. O FC Porto disputava a Liga dos Campeões, no Kasimpasa o objetivo principal era manter-se na I Liga, era uma equipa que vinha da II Divisão, mas com um investimento muito forte. O clube em meia dúzia de meses construiu um centro de treinos que hoje é referência. Tinha todas as condições de trabalho, de treino, de auxílio também aos jogadores. Nesse aspecto acho que estava muito equiparado às equipas grandes. Depois é uma questão de jogo, de treinadores. Mas adaptei-me bem.

Como era o seu inglês?
Falava um pouco de inglês, mas melhorou com o tempo.

A sua mulher foi consigo?
Sim, passado uns dois, três meses ela foi ter comigo.

Já tinham sido pais?
Ela estava grávida do Braune. Eu vim para Portugal em dezembro para ser pai. Ela tinha vindo antes.

Assistiu ao parto?
Assisti ao parto de todos. Vim da Turquia, fiquei uns dias a aguardar e assisti ao parto, depois foi dar um beijinho e ir trabalhar [risos]. Eles foram ter comigo passado um ou dois meses.

Mudou algo dentro de si com o nascimento do primogénito?
A responsabilidade mudou. Se calhar deixei de olhar tanto para aquilo que queria fazer no momento e passei a olhar para o futuro. Mas olhava para mim, a minha família, a minha mãe, os meus irmãos, comecei a pensar mais naquilo que seria o futuro deles.

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