Qual foi a sua primeira reação quando o empresário lhe falou na Roménia?
Não era o que eu queria, mas pensei que tinha de arriscar.
Com o que sonhava e ambicionava nessa altura?
Ir para Espanha. Gostava muito de experimentar o campeonato espanhol. Também sonhava com o campeonato italiano. Penso que era na altura o que qualquer jogador sonhava. Mas decidi arriscar, era um salário bastante bom.
Quando chegou a Vaslui o que viu e sentiu?
Comecei a chorar. Queria vir embora, liguei à minha mãe, à minha namorada, a dizer: "Não quero ficar aqui". A cidade não tinha nada, não tinha um centro comercial, só tinha supermercados. Era uma cidade, como eu e mais dois jogadores que foram comigo, o Jumisse e o Cauê, dizíamos: "Deus esqueceu-se de Vaslui. Fez o mundo e esqueceu-se de Vaslui" [risos].
A família foi consigo?
Não. A Andreia ia lá de vez em quando.
Com que opinião ficou dos romenos?
Sempre me trataram bem e foram muito carinhosos comigo, nunca tive nenhuma confusão com eles, por também ser um jogador calmo, que não fala muito, de muito trabalho, mais a querer mostrar o meu futebol, do que a querer-me impor. Mas eles são muito impulsivos.
Como assim?
Por exemplo, no campo, se às vezes fazes uma falta num treino ou num jogo eles reagem muito, querem logo lutar, começam a chamar nomes. Estranhei porque em Portugal não há muito disso. Pode haver entradas mais agressivas, mas soube sempre lidar com isso, pedia desculpa ou dizia que não tinha sido de propósito. Outra coisa que achei bem estranha é que depois dos jogos havia sempre pizza e cerveja, perdêssemos ou ganhássemos.
Como era o campeonato e o estilo de jogo romeno?
É mais agressivo em termos físicos, as exigências são mais físicas e também mais rápido em termos de execução, não tem muita técnica, nem muita tática.