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A casa às costas

“Choca-me a diferença salarial entre homens e mulheres, porque eles ganham demasiado. Mas dificilmente vamos igualar as coisas”

Cláudia Neto vai estrear-se esta época no campeonato português com a camisola do Sporting, depois de 15 anos a jogar em campeonatos no estrangeiro. Nesta segunda parte do Casa às Costas falamos sobre a importância dos títulos conquistados no Wolfsburgo, da Alemanha, as razões da ida para a Fiorentina, a saída da seleção nacional, sobre o presente e o futuro do futebol português e sobre as suas expectativas no Sporting

Alexandra Simões de Abreu

Sporting CP

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Como foi parar à Alemanha? Os suecos não quiseram continuar consigo?
Quiseram. Até fizeram uma proposta bastante boa, mas eu já estava focada na Alemanha. Na Suécia as coisas correram-me super bem, era muitas vezes nomeada para melhor média do campeonato, comecei a chamar a atenção dos grandes clubes. E surgiu a oportunidade do Wolfsburgo.

Quais eram as suas ambições?
Eu estava feliz na Suécia, mas queria mais. O Linkoping era uma grande equipa mas não era das melhores e eu queria ir para o campeonato alemão ou inglês, queria chegar às melhores equipas, sempre foi a minha ambição e comecei a acreditar que conseguia. Por isso, quando surgiu a oportunidade do Wolfsburgo, não consegui dizer que não, não podia recusar. Era melhor a todos os níveis, a nível monetário também. Era um grande da Europa onde podia ganhar títulos. Sabia que era chegar ao topo.

As primeiras sensações foram semelhantes às da Suécia ou diferentes?
Semelhantes, mas foi um bocado mais assustador. Eu não queria só ir para o Wolfsburgo, eu queria ir, mas jogar, não ficar no banco. Era meu objetivo mostrar a toda a gente que conseguia competir com as melhores, ser titular e uma jogadora importante. Se não fosse assim, se chegasse lá e visse que não conseguia e que não tinha as competências para estar ali, tinha vindo embora. Esse era o meu objetivo, ser uma jogadora importante. E consegui. Mas claro que chegar lá e ver as estrelas todas da seleção alemã, ver a Pernille Harder, que já tinha estado comigo na Suécia, as melhores do mundo, num campeonato tão competitivo como o alemão e ainda mais físico que o sueco, só pensava: "Ai, meu Deus, onde é que me vim meter" [risos].

Como correu a adaptação ao Wolfsburgo e à Alemanha?
Eu cheguei em janeiro, no início foi complicado porque fiz os testes médicos e eles puseram-me uma semana a trabalhar à parte.

Porquê?
Porque nos saltos eles acharam que eu não tinha estabilidade suficiente nos joelhos. Uma coisa de loucos. Estive a trabalhar à parte. Cumpri, as coisas correram bem e joguei sempre a titular nos dois primeiros anos.

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